Brasil cria embalagem biodegradável para exportar manga


Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma embalagem biodegradável para transportar manga em embarques internacionais. O invólucro é feito de fibra de coco e foi pensado para os envios da fruta processada. A pesquisa foi desenvolvida dentro do projeto Gesfrut por Bruna Machado, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Bahia, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na unidade Mandioca e Fruticultura.

As fibras de coco que compõem a embalagem são parte do resíduo do processamento desta fruta e a mistura de polímeros utilizada se decompõe no ambiente em menos de seis meses após o descarte. A ideia é tornar a embalagem mais sustentável e melhorar rentabilidade das vendas na medida em que a fruta processada tem maior valor agregado frente ao produto in natura.

Com o produto em mãos, os cientistas estão, agora, abertos a parceria com setor privado para levá-lo ao mercado. “A tecnologia saiu, mas para se transformar em uma inovação com aplicação prática, é preciso alguns passos, principalmente uma parceria forte com a iniciativa privada para desenvolvê-la e colocar definitivamente no mercado”, afirmou o coordenador do Gestfrut, Domingo Haroldo, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Haroldo lembra que a embalagem que pode ser utilizada também por outras frutas. Para o protótipo se tornar produto de fato, o contato das marcas interessadas deve ser diretamente com o Senai.

Segundo os pesquisadores, as frutas minimamente processadas são uma demanda que vem crescendo no mercado, principalmente no europeu. “A Bahia é a maior exportadora de manga do Brasil, principalmente na região do São Francisco, em área irrigada. Mas nos embarques, em geral, vai a fruta toda [inteira]. E a ideia das frutas processas veio porque as pessoas querem algo mais conveniente. Também fica mais viável economicamente porque exportando apenas os pedaços, sem o caroço, o produto fica mais leve. Se o preço for melhor pode compensar um embarque feito por via aérea, por exemplo”, afirmou Haroldo.

Gestfrut

O edital do Gestfrut apoiou 20 projetos diferentes entre 2015 e 2019. Esta foi a primeira chamada de projetos voltados a frutas na Bahia e incluía sugestões que visassem inovação tecnológica e empreendedorismo na área da pesquisa. A Bahia é o segundo estado que mais produz frutas no País, ficando atrás apenas de São Paulo.

Doutor em Biologia Vegetal, Haroldo explica que o Gestfrut tinha uma característica própria. No edital, a Embrapa, além de executar suas atividades, era o órgão quem coordenava outras equipes, uma função que normalmente era exercida pela agência financiadora. “Levantamos as demandas das diferentes cadeias e polos de fruticultura. Criamos um site só com informações dessa cadeia e desenvolvemos muitas soluções, incluindo sistemas de produção orgânica e esta embalagem, por exemplo. Infelizmente, por enquanto não houve um segundo edital para continuidade aos projetos, por problemas de orçamento, pandemia e tudo mais”, explicou o pesquisador, que espera que a iniciativa possa ser retomada nos próximos anos.

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