O número de mulheres que atuam na atividade portuária do Paraná cresceu 136% nos últimos cinco anos. Em 2017, 123 trabalhadoras fizeram crachá para trabalhar no cais e demais áreas do Porto de Paranaguá. No ano passado, foram 291.
Segundo o sistema de controle de acesso do porto paranaense, foram 979 novos crachás emitidos para elas, entre 2017 e 2021. Antes desse período, muitas outras já tinham ingressado na atividade portuária, mas o processo acelerou nos últimos anos.
Para a engenheira e gerente de engenharia Jamile Luzzi Elias a modernização dos portos contribui para o avanço. “A participação da mulher acompanha a modernização da atividade portuária, deixando de ser unicamente uma função braçal, para atividades de gestão, engenharia, coordenação e integração de ações”, avalia.
Chefe de uma equipe predominantemente masculina, ela conta que não enfrenta problemas ao comandar colegas homens. “ Formamos uma equipe unida, focada em pensar, planejar e construir um porto para as próximas gerações. Tenho uma equipe multidisciplinar em todos os sentidos. São engenheiros com mais de 50 anos de formados e novatos, com poucos anos de casa. Independente de idade ou gênero, nosso objetivo é o mesmo: modernizar a infraestrutura portuária com excelência”, diz.
A técnica em Segurança do Trabalho Jamile Marçal acredita que é possível ter um ambiente ainda mais equilibrado no trabalho de homens e mulheres. “É preciso que mais mulheres escolham essa área, busquem a capacitação e venham contribuir para o desenvolvimento dos portos. Devemos resistir através da competência técnica para, aos poucos, conseguir diminuir essa desigualdade de gênero”, projeta.
Na visão da bióloga e analista portuária Andréa Lopes, enfrentar esse mundo ainda bastante masculino é um desafio. “Não é raro eu ir em uma reunião com 15, 20 pessoas e, facilmente, eu ser a única mulher presente. Então ainda há, em alguns casos, um desafio em ser ouvida e ter a opinião respeitada”.
Para Andréa, o mais importante é tornar o ambiente portuário seguro para todos os trabalhadores. “É essencial abrir espaço e acolher estas profissionais. Por mais que elas estejam entrando no mercado, muitas ainda desistem por conta do histórico de ser uma atividade masculina, de machismo”, justifica.