Exportação de frango pode ficar no zero a zero


Após a tempestade perfeita vivida pelo setor de frango e de suínos no primeiro semestre, as coisas devem melhorar neste final de ano.

O setor passou por problemas ligados ao controle sanitário, suspensão de plantas exportadoras, mudanças nos critérios de abate halal pela Arábia Saudita, antidumping da China, bloqueio russo à carne suína e, para complicar ainda mais, a paralisação dos caminhoneiros em maio.

Tudo isso deixou o país com estoques altos e queda de preços em um momento de elevado desemprego interno

As exportações de carne de frango deverão recuar para US$ 3,68 bilhões neste ano, com queda de 12% – Rodrigo Paiva/Folhapress

Nesse mesmo período, os custos de milho, de farelo de soja e dos fretes dispararam, complicando ainda mais as finanças do setor, segundo Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

As apostas, agora, se voltam para os últimos meses deste ano, segundo Ricardo Santin, diretor da entidade. As empresas esperam estoques menores e uma recomposição do consumo interno para 700 mil toneladas, além do retorno das exportações para um patamar próximo de 400 mil toneladas mensais.

Com esse giro de 1,1 milhão de toneladas por mês, o setor poderá ganhar preços e margens, terminando 2018 no zero a zero. Ou seja, com volume exportado próximo ao de 2017.

Um alívio para quem tinha pela frente um cenário bem adverso até o final do primeiro semestre deste ano.

Se o último trimestre não ocorrer como esperado, contudo, a ABPA prevê uma redução de 1% na produção e de 2% nas exportações de frango.

A Arábia Saudita, principal importadora brasileira, comprou 28% menos carne de frango de janeiro a julho, devido a exigências em mudanças nos abates halal e à maior produção interna no país árabe.

Já a União Europeia, com a suspensão de unidades brasileiras exportadoras, comprou 29% menos. Com isso, o Brasil teve sua tradicional liderança desbancada pela Tailândia no bloco europeu.

Parte do frango que deixou de ser exportado nesses dois principias mercados foi desviada para China (mais 13% no ano), México (46%) e Emirados Árabes (7%).

No setor de carne suína, o Brasil perdeu a Rússia, país que comprava 40% do que os brasileiros exportavam. A ausência da Rússia foi compensada, em parte, por compras da China, de Hong Kong, do Uruguai e da Argentina.

Uma coisa é certa: a Rússia não será mais um grande mercado para o Brasil. A produção local cresce, e a necessidade de importação será menor, segundo Santin.

A entidade espera uma produção de carne de frango de 13 milhões de toneladas neste ano e vendas externas de 4,2 milhões. A oferta de carne suína será de 3,8 milhões, com exportações de 620 mil.

A ABPA aposta muito nos setores de ovos e de material genético. Embora ainda representem pouco em relação ao total da avicultura, o volume exportado de janeiro a julho aumentou 59% e 29%, respectivamente.

Em valores, as exportações de carne de frango deverão recuar para US$ 3,68 bilhões neste ano, com queda de 12%. As receitas com carne suína caem para US$ 687 milhões, 28% menos.

Fonte: Folha SP

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