Alerta que vem da China: importações têm maior queda em 4 anos e geram incertezas para o Brasil


As exportações da China tiveram uma queda de- 3,3¨% no mês de maio, a primeira retração nos embarques para o exterior após terem experimentado uma recuperação surpreendente de 3,5% no mês de abril após três meses em  queda. A retração no mês de março foi a maior registrada nos últimos quatro anos.

Por outro lado, as importações chinesas tiveram uma retração de -16,7% ano a ano após -14,2% em abril). Foi o pior desempenho desde janeiro de 2016.  Os dados foram divulgados pela Alfândega chinesa, em Pequim.

Mas o Brasil não foi afetado pela contração das importações chinesas nos cinco primeiros meses deste ano. No período, as vendas para o país asiático tiveram um crescimento de 16,1%, alavancadas principalmente por fortes aumentos nos embarques de soja e carne bovina. Na outra ponta, as vendas chinesas para o Brasil tiveram uma queda de -5,4$ no período janeiro-maio deste ano, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

Em abril, as exportações experimentaram uma recuperação surpresa (+ 3,5%), após três meses de queda. Este aumento foi atribuído em grande parte a um fenômeno de recuperação, após as dificuldades encontradas pelos exportadores no primeiro trimestre. As medidas de contenção ligadas à epidemia haviam interrompido bastante o transporte das mercadorias que seriam destinadas a outros países em todo o mundo.

Desde então, a atividade foi retomada em grande parte, mas as empresas estão lutando para preencher seus cadastros de pedidos quando seus principais clientes, na Europa e na América do Norte, tiveram suas economias paralisadas pelo vírus.

“Isso continuará pesando nas exportações em junho e julho”, alerta o analista Rajiv Biswas, da empresa IHS Markit.

“Mas eles devem se recuperar durante o segundo semestre” no momento do desconfiança na Europa “e no período de Natal”, geralmente propício a pedidos, disse Biswas.

Os produtos médicos, dos quais a China continua sendo o principal fornecedor mundial, permanecem com alta demanda no exterior. O gigante asiático exportou 70,6 bilhões de máscaras para o mundo entre março e maio, segundo dados divulgados por Pequim, durante uma conferência de imprensa dedicada à epidemia.

Os analistas, no entanto, esperam que a demanda por esses produtos diminua à medida que as condições de saúde em todo o mundo melhoram.

Incertezas e recuperação lenta

Por seu turno, as importações do gigante asiático caíram novamente em maio (-16,7% ano a ano após -14,2% em abril). Foi o pior desempenho desde janeiro de 2016.

Essa queda nas importações, pelo quinto mês consecutivo, é mais acentuada do que as estimativas de analistas consultados pela agência financeira Bloomberg (-7,8%).

“Isso reflete a lenta recuperação” na China, disse Biswas, já que a segunda maior economia do mundo foi quase fechada no final de janeiro devido à epidemia.

As empresas, sem dúvida, também reduziram suas importações diante das incertezas que pesam sobre a demanda, avalia a economista Iris Pang, do banco ING.

Para apoiar uma economia em dificuldades e incentivar o consumo, várias províncias ou municípios lançaram operações comerciais com cupons ou cupons.

A cidade de Pequim começou a distribuir cupons no valor total de 12,2 bilhões de yuans (1,5 bilhão de euros) no sábado para aumentar o poder de compra de seus moradores.

Como conseqüência lógica da queda nas importações, o superávit comercial da China aumentou em maio para US $ 62,9 bilhões (contra 45,3 bilhões no mês anterior).

Fato inédito, o país desistiu no mês passado, estabelecendo uma meta de crescimento para este ano.

“Nosso país enfrentará certos fatores difíceis de prever” por causa da nova pandemia de coronavírus e da situação econômica global, justificou o primeiro-ministro chinês Li Keqiang na abertura da sessão anual do Parlamento.

Li anunciou por 2000 bilhões de yuans (256 bilhões de euros) de medidas (aumento do déficit orçamentário, empréstimos estatais), em particular para apoiar o emprego.

Pela primeira vez em sua história, a economia chinesa caiu no primeiro trimestre (-6,8%), sob o efeito do vírus.

(*) Com informações do Jornal de Montreal

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