Amendoim brasileiro conquista mercados


Os russos adoram chocolate recheado com amendoim. O que eles não sabem é que boa parte desse amendoim é importado do Brasil, e as relações entre os dois países nesse mercado está cada vez mais estreita.

No total, as exportações brasileiras renderam US$ 226,5 milhões de janeiro a agosto deste ano, 44,2% mais que no mesmo período de 2019. E a Rússia foi o principal destino, com compras que somaram US$ 77,2 milhões, um aumento de 21,2% em igual comparação. O comércio global da oleaginosa gira em torno de US$ 5,2 bilhões ao ano.

Em termos relativos, o amendoim está entre os três produtos do Brasil cujas vendas mais cresceram para a Rússia nos oito primeiros meses de 2020, superado só por frutas em geral (ou seja, mais de uma) e café. “O amendoim brasileiro é muito apreciado na Rússia pela sua qualidade”, diz uma fonte diplomática que vê grande potencial nesse comércio.

Na Rússia, o amendoim está vinculado à produção de doces e confeitos. Nos últimos dez anos, o país ampliou em 50% as importações do produto, e o Brasil tem sido a origem de 25% a 60% das compras. Por outro lado, os russos têm absorvido de 30% a 40% dos embarques brasileiros.

Influenciada pelo avanço das exportações, e marcada por investimentos em sementes e maquinário para colheita a área cresceu de 7% a 9% nas últimas safras do Brasil. Para 2020/21, cuja semeadura terá início em outubro, a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que alcance 174 mil hectares, 9% mais que em 2019/2020.

Em São Paulo, que é responsável por 93% da produção nacional, a área deverá chegar a 161,8 ml hectares, segundo a Câmara Setorial de Amendoim do Estado.

A colheita brasileira, conforme a Conab, deverá superar 650 mil toneladas em 2020/21, ante 558 mil em 2019/20, e entre 65% e 70% desse volume deverá ser exportado. Apenas a safra paulista tem potencial para chegar a 605 mil toneladas. Diante da tendência de expansão, o valor bruto de produção de amendoim – apenas “da porteira para dentro” – já ronda R$ 1,6 bilhão no país.

Nesse processo de expansão, diz Renata Martins Sampaio, pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura de São Paulo, “há todo um esforço voltado para a qualidade do produto final que possibilita o posicionamento do amendoim brasileiro em diferentes mercados. Nesse segmento, a qualidade do grão, tanto no que se refere a tamanho, formato e sabor quanto às condições sanitárias, é fundamental – e remunerada”, afirma ela.

De acordo com Renata, é por isso que o amendoim brasileiro está presente no tradicional e exigente mercado da União Europeia e que, especialmente, a partir de 2015, vem abrindo novas fronteiras. Além da Rússia, Argélia, Polônia, África do Sul e Colômbia, além de Austrália, Japão e Reino Unido, já são importantes destinos para as vendas.

“Com a pandemia, parece que cresceu o consumo de amendoim nos lares em diversos países, inclusive no Brasil. É um incentivo para o produtor ampliar o cultivo”, diz Luiz Antonio Vizeu, presidente da câmara setorial paulista.

Além do grão, o Brasil também exporta óleo de amendoim. Nesse caso, a China é o maior país comprador, com participação de 45% do volume total, seguida por Itália (13%) e Espanha (8%).

Fonte: Valor Econômico

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