Após previsão catastrófica, OMC começa a ver uma luz no fim do túnel para o comércio internacional


Após ter previsto em abril que o comércio mundial de bens teria um recuo entre 13% e 32% em 220, antes de se recuperar em 21% a 24% em 2021, a Organização Mundial do Comércio (OMC) informou hoje (23) que, apesar de o fluxo internacional de mercadorias ter recuado a uma taxa recorde nos primeiros meses do ano devido à pandemia de Covid-19, esse cenário trágico inicialmente previsto não chegou a se concretizar.

De acordo com a Organização, as respostas rápidas do governo ajudaram a amenizar a contração, e os economistas da OMC agora acreditam que, embora os volumes comerciais registrem um declínio acentuado em 2020, é improvável que eles atinjam o pior cenário projetado em abril.

O volume de comércio de mercadorias diminuiu 3% em relação ao ano anterior no primeiro trimestre, de acordo com as estatísticas da OMC. As estimativas iniciais para o segundo trimestre, quando o vírus e as medidas de bloqueio associadas afetaram uma grande parcela da população global, indicam uma queda ano a ano de cerca de 18,5%. Esses declínios são historicamente grandes, mas poderiam ter sido muito piores.

Grau menor de incertezas

As previsões anuais de comércio da OMC de 20 de abril, à luz do grande grau de incerteza em torno da gravidade e do impacto econômico da pandemia, estabeleceram dois caminhos plausíveis: um cenário relativamente otimista em que o volume do comércio mundial de mercadorias em 2020 se contrairia em 13%, e um cenário pessimista em que o comércio cairia 32%. Na situação atual, o comércio só precisaria crescer 2,5% ao trimestre pelo restante do ano para atender à projeção otimista. No entanto, em 2021, desenvolvimentos adversos, incluindo uma segunda onda de surtos de COVID-19, crescimento econômico mais fraco do que o esperado ou amplo recurso a restrições comerciais, poderiam ver a expansão do comércio aquém das projeções anteriores.

Cenário menos pior

“A queda no comércio que estamos vendo agora é historicamente grande – na verdade, seria a mais acentuada já registrada. Mas  poderia ter sido muito pior”, disse o diretor-geral  da OMC, Roberto Azevêdo.

Para o diplomata brasileiro, “essa é uma notícia genuinamente positiva, mas não podemos nos dar ao luxo de ser complacentes. As decisões políticas têm sido cruciais para amenizar o golpe contínuo no produto e no comércio e continuarão a desempenhar um papel importante na determinação do ritmo da recuperação econômica. Para que a produção e o comércio se recuperem fortemente em 2021, todas as políticas fiscais, monetárias e comerciais precisarão continuar na mesma direção. “

À luz dos dados comerciais disponíveis para o segundo trimestre, o cenário pessimista da previsão de abril, que assumiu custos de saúde e econômicos ainda maiores do que o que havia ocorrido, parece menos provável, pois implicava quedas mais acentuadas no primeiro e no segundo trimestres.

Indicadores positivos.

A pandemia de COVID-19 e os esforços de contenção associados se intensificaram na segunda quinzena de março. Medidas estritas de distanciamento social e restrições a viagens e transporte entraram em vigor na maioria dos países ao longo de abril e maio e agora estão sendo cada vez mais relaxadas. Esses desenvolvimentos se refletem em vários indicadores econômicos que, em conjunto, sugerem que o comércio pode ter atingido o fundo do poço no segundo trimestre de 2020.

Os voos comerciais globais, que transportam uma quantidade substancial de carga aérea internacional, caíram quase três quartos (- 74%) entre 5 de janeiro e 18 de abril e, desde então, aumentaram 58% até meados de junho. A taxa de transferência do porto de contêineres também parece ter recuperado parcialmente em junho em relação a maio. Enquanto isso, os índices de novos pedidos de exportação dos índices dos gerentes de compras também começaram a se recuperar em maio, após quedas recorde em abril. É útil ter em mente que esses rebotes seguem quedas históricas ou quase históricas e precisam ser monitorados com cuidado antes de tirar conclusões definitivas sobre a recuperação, conclui a OMC.

(*) Com informações da OMC.

Fonte: Comex do Brasil

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