Baseada em fitofármacos, Centroflora quer exportar mais


O grupo Centroflora, maior fabricante de extratos e insumos de medicamentos fitoterápicos do Brasil, pretende ampliar e diversificar as vendas ao mercado externo após a inauguração de nova fábrica em Botucatu, no interior de São Paulo, em julho.

A companhia de 62 anos já trabalhou com produtos cosméticos e alimentos nutracêuticos, mas há cinco anos vendeu essa parte da empresa para um grupo suíço chamado Givaudan, para se concentrar na produção de fármacos extraídos da natureza brasileira. “São negócios muito diferentes em práticas de fabricação, que precisam ter unidades fabris dedicadas, então tomamos essa decisão estratégica de vender e focar só na farmacêutica, que é muito nosso DNA”, disse a diretora de Inovação do Grupo Centroflora, Cristina Ropke, à ANBA.

A companhia conta com fábricas no Piauí e em São Paulo e terras de plantio e cultivo espalhadas pelo Brasil, com jaborandi coletado no Pará, Maranhão e Piauí, e passiflora na região Sudeste, por exemplo.

O grupo exporta a pilocarpina, que é uma molécula isolada do jaborandi, processado no Piauí. Este ativo é utilizado no tratamento para o glaucoma, boca seca, entre outros usos que, segundo Ropke, estão para ser aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão regulatório norte-americano.

No processo, são mais de 25 mil pessoas trabalhando como coletores do jaborandi. Uma vez coletado, chegam quase 200 toneladas para serem processadas na fábrica de Parnaíba, no Piauí, que, segundo Ropke, é auditada pelo FDA e pela Direção Europeia da Qualidade dos Medicamentos e Cuidados de Saúde (EDQM), agência sanitária europeia, e segue um altíssimo padrão de boas práticas fabris.

“É um negócio muito interessante, muito perene, tem todo um treinamento para que as pessoas cuidem do jaborandi. Isso funciona muito bem, tem uma técnica de corte, a folha não é arrancada, os coletores participam de um treinamento e acabam protegendo a floresta onde cresce o jaborandi”, contou Ropke.

A Centroflora exporta quase toda a pilocarpina para a Europa, que depois revende o produto final para o mundo, inclusive para países árabes.

Ropke explicou que a parte sustentável da empresa não aparece muito porque o negócio é B2B, ou seja, de empresa para empresa, portanto o que conta mais são os registros e certificados junto aos órgãos reguladores.

“Esse lado mais ESG às vezes nem aparece, nós tentamos mostrar mais e falamos dele como um plus porque as compras são feitas mesmo por conta da indicação terapêutica. A pilocarpina, por exemplo, tem registro como sintético”, informou. ESG é a governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês.

O carro-chefe do grupo no mercado interno são os extratos feitos para os fitoterápicos calmantes, como passiflora e valeriana. “Nosso processo de fabricação atende o Brasil, e agora vamos inaugurar a fábrica em Botucatu em julho.  A nova fábrica vai atender o Brasil e o mercado externo para exportação porque o mundo está harmonizando as legislações, então a ideia é ampliar e diversificar as exportações para além dos principais destinos, que são Europa e Estados Unidos. O céu é o limite”, disse Ropke.

Outros ativos produzidos pela Centroflora estão presentes em medicamentos hepatoprotetores, laxantes, entre outros.

O grupo conta ainda com um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Campinas, onde investe em pesquisa junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a instituições de ensino brasileiras como a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Federal do Piauí.

Fonte: ANBA

 

 

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