Comércio mundial mantém recuperação forte, mas há ameaça, aponta OMC


A recuperação do comércio mundial se mantém forte, mas seu ritmo poderá ser diminuído por interrupções na cadeia de abastecimento, como a escassez de semicondutores que recentemente tem dificultado a produção de veículos.

É o que aponta o Barômetro do Comércio de Mercadorias, da Organização Mundial do Comércio (OMC), um indicador que visa fornecer informações em tempo real sobre a trajetória do comércio mundial de mercadorias em relação às tendências recentes.

O resultado do barômetro em julho é de 110,4 pontos, numa alta de mais de 20 pontos em relação a 2020, “refletindo a força da recuperação em curso e a profundidade do choque induzido pela pandemia no ano passado”. No entanto, a OMC nota que os dados sugerem que a recuperação das exportações e importações pode estar diminuindo, pois o índice do barômetro começou a subir a uma taxa decrescente.

Em todo o caso, segundo a OMC, os resultados são consistentes com a mais recente previsão da entidade de crescimento de 8% no volume de comércio mundial de mercadorias em 2021.

O volume do comércio de mercadorias aumentou 5,7% no primeiro trimestre de 2021, comparado ao mesmo período do ano anterior, na segunda maior alta desde o terceiro trimestre de 2011. Mas a recuperação foi marcada por disparidades regionais. A América do Norte, Europa e Ásia recuperaram terreno perdido nas vendas globais, enquanto outras regiões ficaram para trás.

Para a OMC, o resultado de julho do barômetro sugere que o comércio mundial de mercadorias terá um aumento anual ainda maior no segundo trimestre. Em seguida, virá um crescimento moderado, por causa de dificuldades na cadeia global de abastecimento.

Em julho, com o barômetro chegando a 110,4, significa mais de 10 pontos superior ao valor da linha de base de 100 que indica crescimento do comércio acima da tendência de médio prazo.

Todos os componentes do barômetro estiveram acima da tendência no último mês, ilustrando a natureza ampla da recuperação do comércio. Os índices para frete aéreo (114), transporte de contêineres (110,8) e matérias-primas (104,7) estavam em alta, apontando crescimento mais rápido do que a média. O índice de produtos automotivos (106,6) também subiu, apesar de a produção e as vendas de automóveis terem declinado em julho em alguns países por causa da escassez de semicondutores.

Segundo a OMC, esta escassez também se reflete em uma ligeira queda no índice de componentes eletrônicos (112,4). O índice de encomendas de exportação voltado para o futuro (109,3) também diminuiu, sinalizando que a dinâmica ascendente do comércio pode ter atingido o seu auge.

O recente fechamento do terminal chinês de Ningbo-Zhoushan, o terceiro maior do mundo em contêineres, ocorreu por causa de casos de covid-19 em trabalhadores locais. E causa problemas para o transporte marítimo em geral que podem continuar até o ano que vem, segundo especialistas.

Isso significará atrasos na entrega de mercadorias, aumento de preço dos contêineres e consequentemente alta nas vendas ao consumidor. Tudo isso num contexto de escassez de semicondutores e aumento no custo de matérias-primas.

Certos analistas calculam que o fechamento parcial do porto chinês ameaça um volume de comércio internacional de US$ 172 bilhões. O preço do custo de transporte marítimo já bateu recorde entre a China e sul da Ásia para os EUA. O congestionamento é enorme. Cerca de 350 navios transportando contêineres aguardam em outros portos em volta do mundo. Essa disrupção se soma a outros problemas neste ano.

O porto chinês de Yantian recusou embarque e desembarque de mercadorias em meados do ano, também por causa de infeções por covid entre funcionários do porto. Em março, o navio Ever Given, que encalhou no canal de Suez, já tinha interrompido o tráfego marítimo em uma das passagens mais importantes para o comércio mundial.

Fonte: Valor Econômico

 

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