Enseada entra com pedido de recuperação judicial


A Enseada Indústria Naval entrou com pedido de recuperação judicial, que compreende dívidas da ordem de R$ 2,3 bilhões. A empresa comunicou que vem se esforçando para superar seus desafios empresariais e financeiros desde o final de 2014, quando a crise da construção naval brasileira se agravou. O plano de recuperação extrajudicial apresentado em 2017 tinha como premissa a retomada do mercado de construção naval e offshore no Brasil ao longo do triênio 2017-2019, o que não se concretizou. A Enseada ressalta que o plano conseguiu reestruturar parte de seus passivos.

“A medida possibilitará a implantação de uma reestruturação financeira definitiva, de forma coordenada, segura e transparente, permitindo a continuidade das suas atividades operacionais e de sua função social de garantir e gerar empregos. A empresa segue normalmente com suas atividades”, diz o comunicado.

A empresa reforça que esse cenário foi agravado por mudanças nas políticas públicas e pela flexibilização de regras de conteúdo local, que foram os maiores indutores dos investimentos realizados neste setor na última década. Segundo a Enseada, o resultado foi a queda abrupta das potenciais encomendas do setor para a indústria nacional de construção naval e offshore. No comunicado, a companhia informou que atualizará as partes interessadas por meio de seu site.

A Enseada é um dos maiores investimentos da história da indústria de construção naval no Brasil, sendo também um dos maiores aportes privados da Bahia nos últimos 15 anos. O estaleiro, implantado em Maragojipe (BA), recebeu cerca de R$ 3 bilhões em investimentos. A companhia, que já empregou mais de nove mil trabalhadores, foi impactada pela crise no mercado de construção naval e offshore brasileiro e pelo cancelamento de projetos que estavam em execução. O informe lembra que a crise já provocou a demissão de dezenas de milhares de trabalhadores em todo o país e a paralisação das atividades de diversos estaleiros nacionais. De acordo com o Sinaval, a construção naval brasileira já perdeu mais de 50 mil trabalhos diretos desde o final de 2014.

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