ENTREVISTA: Flávio Pripas, corporate venture officer da Redpoint eventures


Nativos do mundo digital podem até ter mais facilidade para lidar com novas tecnologias e “pensar fora da caixa”, mas a criatividade e a inovação também dependem de treino. Pelo menos é o que defende Flávio Pripas, corporate venture officer da Redpoint eventures, que palestrou sobre disrupção da gestão tradicional das companhias durante o XXV Forum Internacional Supply Chain & Expo Logística, em São Paulo (SP). Ele explica que, no Brasil, o erro é considerado uma coisa muito ruim, o que dificulta que ideias inovadoras sejam tiradas do papel dentro das empresas pelo medo de não dar certo. Confira entrevista que ele concedeu à revista Informativo dos Portos durante o evento. 

Informativo dos Portos: Atualmente, qual é a maior dificuldade das empresas brasileiras na hora de serem inovadoras? O que o nosso mercado precisa para ser mais criativo, assim como têm sido os americanos e os chineses?

Flávio Pripas: O primeiro ponto é uma questão cultural. Aqui no Brasil, o erro é considerado uma coisa muito ruim. Só que se você não tentar fazer coisa nova sem dar abertura para o erro, nunca vai conseguir fazer coisas novas. Esse traço cultural é algo que já está mudando, a gente vê muita evolução. Cinco anos atrás era bem pior. Esse é o primeiro passo nas empresas: possibilitar em algumas equipes, de algumas áreas, o desenvolvimento de projetos que possam fracassar, já que é algo em que você não consegue ter um paralelo se poderia dar errado ou não. 

Informativo dos Portos: Na sua palestra, você comentou sobre os ciclos geracionais e as mudanças que hoje acontecem muito mais rápido do que esses ciclos. Tratando-se de percepção da inovação e de criatividade, pessoas mais velhas têm mais dificuldades de aceitar as mudanças e de serem mais criativas e as mais jovens são menos resistentes ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Flávio: Penso que uma coisa tem muito a ver com a outra. A nova geração está em um momento em que a comunicação é muito mais volátil do que na minha época. Eu tenho filho de sete anos que tem acesso a todas as tecnologias e conteúdo do mundo na ponta dos dedos. Essa é a realidade dele desde que nasceu, mas essa não foi a minha realidade desde que eu nasci. Eu tenho que me treinar e me acostumar a usar este tipo de situação. Então, de fato, para a minha geração é um pouco mais difícil, mas o que é inevitável é que todo mundo tente utilizar as novas plataformas e tecnologias para não ficar para trás, porque senão a lacuna vai ser muito grande.

Informativo dos Portos: No mercado de suplly chain, como é possível ser inovador ou pelo menos eficiente em um país continental e cheio de dificuldades e entraves logísticos como o nosso?

Flávio: Testando. Testando modelos de negócios diferentes, testando novas formas de trabalhar. Aqui mesmo no fórum, alguém disse que não vai chegar no nível de usar zonas ou prédios residenciais como centros de distribuição. Daí eu pergunto: por que não? Tenta fazer alguma coisa, nem que seja um last, last, last mile. Sempre dá para ter uma ideia criativa para ser testada. Se ela funciona, você amplia o teste. Se ela não funciona, você joga fora aquela ideia, não tem problema algum. O que a gente precisa fazer é experimentar. ν

Anterior VI Cidesport debate boas práticas de gestão portuária em evento internacional
Próximo Petrobras prevê novo modelo de contratação de plataformas para reduzir custos