Fazenda inteligente vai testar tecnologias para agricultura


Imagine uma fazenda onde todas as tecnologias e soluções agrícolas pudessem ser testadas na prática e avaliado o desempenho, oferecendo um suporte na decisão do produtor do que ele pode de fato usar e que vai render resultados? Essa é justamente a proposta da Smart Farming ou Fazenda Inteligente que vai ser implementada no Brasil já nesta safra.

O projeto, considerado pioneiro no país, foi anunciado em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (10), pela Fundação ABC, instituição de pesquisa que fornece soluções para 5 mil produtores rurais filiados das Cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, com atendimento em 500 mil hectares.

A área escolhida fica às margens da BR 151, em Ponta Grossa (PR). São 29.15 hectares que serão cultivados com soja em modelo de plantio direto. Durante todo o ciclo serão usadas tecnologias de pontas, que serão testadas e avaliadas. O investimento não foi divulgado mas grande parte será financiada por parceiros. “O objetivo maior é que o produtor saiba o que pode usar e que vai ter benefícios. É um espaço de validação de tecnologias”, explica o gerente técnico de pesquisa da Fundação ABC, Luis Henrique Penckowski.

Demonstrar, desenvolver e avaliar

A Smart Farming pretende utilizar tudo o que há de mais moderno: big data, sensores de solo e de máquinas, IoT, drones, robôs, agrometeorologia, entre outras. A ideia é pegar essas ferramentas e unir nesse espaço para conseguir expressar o máximo da produção agrícola. O sistema é baseado em três pilares: sistema de informação e gestão, agricultura de precisão e automação agrícola e robótica.

O conhecimento será gerado pela Fundação ABC não necessariamente ligado a esses três pilares mas são eles que vão dar base aos pesquisadores do projeto. “Demonstrar, desenvolver e avaliar aos cooperados como usar essas ferramentas para a melhor decisão no campo. A Smat Farming tem potencial real para fornecer uma agricultura mais tecnologia, precisa e produtiva utilizando todas as tecnologias em conjunto e ter mais eficiência econômica, social e ambiental”, destaca Penckowski.

Como vai funcionar na prática

Nesta safra tudo que será implementado será registrado pela plataforma digital Sigma ABC, que integra produtor, assistência e cooperativa. Imagens espaciais de satélite vão analisar a área e a variabilidade espacial, de forma a ver como estão as diferenças no ambiente de plantio. Será medida a condutividade elétrica do solo mostrando as variações que existem para definir a amostragem de solo e definir técnicas de adubação mais indicadas. Na sequência os mapas de fertilidade passarão para uma maquia que fará a aplicação somente onde há necessidade de determinado fertilizante. Também será avaliada a variabilidade espacial de matéria orgânica e argila, com uso de fotos precisas.

Modernos sensores vão observar a população de plantas e com ajuda de uma central meteorológica serão definidas as melhores estratégias pra aplicação diante da situção climática. Drones de asa fixa vão monitorar a área e fazer a aplicação de defensivos. Em herbicidas será utilizada a tecnologia Weedsecker no pulverizador, onde sensores óticos determinam a aplicação só onde há daninhas. Ainda será adotado o manejo integrado de pragas, com armadilhas para mariposas e vendo desenvolvimento de lagartas e de doenças e o possível teste de soluções biológicas. “Um dos principais pontos é a economia que isso vai gerar com aplicação seletiva de fertilizantes e defensivos. Tudo isso vai gerar um mapa de colheita e queremos avaliar se foi rentável mesmo e o impacto desses novas tecnologias na lavoura”, explica o dirigente.

Também há possibilidade de serem testadas outras soluções e tecnologias validadas nos outros cinco campos experimentais da instituição que somam 495 mil hectares no Paraná, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal. A área foi cedida pela Cooperativa Frísia. Inicialmente os testes serão em soja mas há ideia de fazer a rotação nas próximas safras com trigo e milho, por exemplo.  O gerente Agrícola da Frísia, Marcelo Cavazotti, avalia este como um momento histórico na agricultura brasileira. “Estamos falando de cooperativas e produção agrícola, com uma fundação de pesquisa validando soluções e isso é um passo a frente. Temos uma grande gama de tecnologias e nem todas tiveram sua viabilidade avaliada e essa é uma oportunidade de ver o que vale a pena e traz resultados”, completa.

 

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