Longo curso vê insegurança na disponibilidade de bunker no Brasil


O Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) confirmou que a Petrobras vem solicitando aos armadores programar com mais antecedência o abastecimento de combustíveis. De acordo com a associação, que representa empresas de navegação de longo curso que operam na costa brasileira, há de fato uma antecipação de pedidos para a compra de bunker, o que tem causado uma mudança no planejamento para tentar garantir os volumes do produto.

“Mesmo assim, não há garantia de suprimento nem das quantidades nos portos solicitados. Os armadores monitoram constantemente esta situação de disponibilidade para o atendimento de suas necessidades”, contou o presidente do Centronave, Cláudio Loureiro. A associação entende que o problema está relacionado à falta de óleo combustível no mercado brasileiro. Na avaliação do Centronave, não há segurança de disponibilidade de bunker nos principais portos do país. Os armadores relatam, inclusive, casos em que a Petrobras cancelou alguns pedidos, mesmo depois de aceitos e programados, o que poderia caracterizar a prática de “oversold” (venda acima da capacidade).

Os associados do Centronave observam que, historicamente, a Petrobras nunca divulgou a disponibilidade ou não de determinado produto até receber uma proposta firme de compra. As empresas de longo curso dizem que, apenas após tal pedido, a fornecedora brasileira responde se atenderá ou não. “Este procedimento torna muito difícil planejar o abastecimento dos navios que estarão trabalhando na costa brasileira”, afirmou Loureiro.

Conforme noticiado pela Portos e Navios na última quinta-feira (12), a Petrobras vem orientando os clientes do transporte marítimo a programar seus abastecimentos de combustível com antecedência maior em razão do aumento de demanda pelo bunker com 0,5% de teor máximo de enxofre, que será obrigatório para navegação mundial a partir de janeiro de 2020. Nas últimas semanas, alguns armadores de longo curso e da cabotagem relataram problemas na disponibilidade do VLSFO (very low sulphur oil) em terminais portuários brasileiros. Procurada pela reportagem, a Petrobras informou que já adequou seu refino e logística, normalizando a entrega nos terminais para atender à procura crescente.

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