Modelo brasileiro de concessão à iniciativa privada impressiona investidores nos EUA


Apresentado em reuniões durante a segunda-feira (4) em Nova Iorque, o modelo brasileiro de concessões à iniciativa privada da infraestrutura de transportes gerou interesse e gerou elogios de investidores internacionais ao Governo Federal. Este é o resultado do primeiro dia de roadshow da delegação brasileira nos Estados Unidos da América.

Em cinco dias, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, terá reuniões com interlocutores de mais de 50 instituições do mercado global de investimentos. O objetivo do governo é assegurar R$ 260 bilhões em aporte privado a longo prazo para o setor de infraestrutura de transportes do Brasil até o fim de 2022.

O primeiro dia do chamado roadshow foi marcado por agendas com executivos da Pátria Investimentos, XP, Goldman Sachs e Macquarie. “Nosso programa está sendo muito bem falado aqui porque já é uma realidade. Nós conseguimos mostrar que aquilo que apresentamos em 2019 avançou, e avançou muito, nesses poucos mais de dois anos”, disse o ministro.

PARANÁ – Com aproximadamente R$ 30 bilhões em recursos sob gestão no Brasil e no exterior, além de 28 anos de atuação no mercado de ativos alternativos, a Pátria mostrou-se especialmente interessada na modelagem de concessão dos mais de 3 mil quilômetros de rodovias no Paraná.

O projeto contará com R$ 43 bilhões de investimentos privados e antecipa soluções que serão replicadas na maior concessão rodoviária da história brasileira: a relicitação da Via Dutra, junto com a Rio-Santos, com quase R$ 15 bilhões de investimentos previstos. O leilão está previsto para o início de 2022.

A modelagem de negócios adotada no Paraná e no processo de desestatização de portos – o que inclui a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), neste ano, e o Porto de Santos (SP), o maior da América Latina, em 2022 – chamou atenção do fundo australiano Mcquaire. A instituição administra carteira de projetos estimada em mais de R$ 1 trilhão e criou um fundo focado em negócios de infraestrutura para Brasil, onde possui escritório, e América Latina.

DE OLHOS NOS NOVOS TRILHOS – Os investidores demonstraram muito interesse pelo programa Pro Trilhos, que tem a missão de reequilibrar a matriz de transporte brasileiro a partir da expansão da malha ferroviária até o índice de 40% em 2035. Para tanto, além das concessões tradicionais, o governo brasileiro estabeleceu o instrumento da outorga por autorização ferroviária à iniciativa privada, de forma mais célere e desburocratizada.

O modelo despertou atenção dos executivos da XP Investimentos, um dos maiores fundos mundiais com presença no Brasil, devido aos resultados nas primeiras três semanas de vigência do novo instrumento de autorizações. Foram 14 pedidos de entes privados interessados em construir e operar novas ferrovias no país, somando R$ 80,5 bilhões em investimentos previstos e 5.360 quilômetros de novos trilhos, cortando 12 unidades da Federação.

Ainda no modal ferroviário, os gestores da Pátria disseram estar 100% convencidos do mérito do programa da Ferrogrão, com seus mais de 900 quilômetros de trilhos entre Sinop (MT) e Miritituba (PA). Trata-se do maior projeto de concessão ferroviária em gestão no Ministério da Infraestrutura, que já nasce com selo verde e possibilidade de acessar o mercado de títulos verdes (green bonds), por ter sido elaborado com a Climate Bonds Initiative (CBI), organização internacional que faz a certificação de iniciativas sustentáveis.

PROGRAMAÇÃO – Desde 2019, cerca de R$ 74 bilhões já foram contratados para o incremento da logística nacional com as concessões de 34 aeroportos, cinco rodovias, seis ferrovias – entre concessões, renovações e investimento cruzado –, 29 arrendamentos portuários, além de autorizações para 99 terminais de uso privado.

E os próximos passos já estão programados. Em outubro e novembro, serão realizados leilões de duas estradas federais (incluindo a nova Dutra) e nove arrendamentos portuários. Em 2022, ocorrem as concessões do Porto de Santos, da Ferrogrão e de mais 16 aeroportos, incluindo Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP).

Nesta terça-feira (5), o ministro segue detalhando a carteira de projetos brasileiros de infraestrutura para representantes da Global Infrastructured Partners (GIP), Standard & Poors e integrantes do Council of the Americas.

 

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