Pecém adere a compromisso do Porto de Roterdã para entrega de hidrogênio verde


Representantes do Complexo do Pecém assinaram, na última semana, uma carta que foi enviada à Comissão Europeia, em que o Porto de Roterdã firmou o compromisso de entregar 4,6 milhões de toneladas de hidrogênio verde (H2V) até 2030, a fim de contribuir com o abastecimento energético por meio de fonte limpa em países do velho continente. O documento foi assinado durante a World Hydrogen 2022, em Roterdã, e tem a adesão de 70 empresas do setor e países exportadores. O complexo portuário e industrial brasileiro tem planos de iniciar a produção do hidrogênio verde em 2025, atingindo um volume de 1,3 milhão de toneladas de H2V em 2030.

A administração destacou que, até o momento, Pecém foi o único porto do Brasil a assinar o documento com outras empresas do mundo inteiro para a comunidade europeia. A gestão do complexo considera que Pecém tem liderado esse debate no setor portuário brasileiro, por meio de acordos e negociações do H2V, com foco na instalação de um hub em suas instalações. O complexo mantém tratativas com grandes players globais do mercado de energia, como AES, Casa dos Ventos, EDP, Engie, Fortescue, Qair, Total Eren e Transhydrogen Alliance.

“A ideia é construir uma visão de cadeia de valor, que consiste em fazer a produção do hidrogênio verde e convertê-lo em amônia verde dentro da zona de processamento de exportação (ZPE) de Pecém”, contou à Portos e Navios o presidente do Complexo do Pecém, Danilo Serpa. Ele adiantou que o fluxo inicial terá como foco a exportação, porém existe um potencial de fluxo local no futuro.

Serpa disse que a participação de Pecém no evento ‘World Hydrogen 2022’, um dos maiores eventos de hidrogênio verde do mundo, foi uma oportunidade para compreender melhor e dialogar com os principais atores da cadeia total do hidrogênio. “Trocamos conhecimento com as diversas tecnologias de eletrolisadores podendo até visitar empresas que fabricam esses equipamentos, conhecendo as tecnologias alcalina e PEM (membrana de troca de prótons)”, detalhou.

O presidente do complexo acrescentou que houve conversas com parceiros que fazem a produção de combustíveis sintéticos, a partir do hidrogênio verde. “Nosso pensamento é considerar novos mercados para atração de investimentos para Pecém nessa cadeia logística. Além do H2V e da amônia verde, também temos a possibilidade de produção de combustíveis sintéticos aqui”, afirmou.

Os participantes também discutiram questões de infraestrutura, transporte e logística relacionados ao hidrogênio verde, como o ‘corredor Delta’, partindo do Porto de Roterdã para a Alemanha, e abordaram temas como o ‘amonioduto’ que será desenvolvido para conectar a ZPE Ceará ao terminal de tancagem do Porto do Pecém. Serpa observa um grande potencial no Complexo do Pecém para o desenvolvimento da cadeia de produção, distribuição, armazenagem e transporte do hidrogênio verde. Ele considera que a ZPE é um instrumento para negócios voltados à exportação, tendo em vista os incentivos fiscais, cambiais e administrativos oferecidos nessa zona.

Serpa elencou como diferenciais de Pecém fatores como a infraestrutura portuária com capacidade e calado operacionais adequados às operações de H2V, a rede elétrica robusta com linhas de transmissão compatíveis com as demandas das usinas de eletrólise, além de uma rede de distribuição de gás que conecta o complexo, desde o terminal portuário (píer 2) até as áreas industriais. Essa rede, segundo Serpa, poderá ser utilizada para o transporte de H2V entre as áreas de produção e consumo industrial. O Complexo do Pecém é uma joint venture formada pelo governo do Ceará e pelo Porto de Roterdã.

Fonte: Portos e Navios

 

 

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