O protagonismo de Santa Catarina e o Complexo Portuário da Baía da Babitonga estiveram em pauta na apresentação do CEO do Porto Itapoá, Ricardo Arten, durante o IV Fórum de Portos, realizado no dia 10 de junho no Centro Cultural FGV, no Rio de Janeiro. Arten participou do painel “O Potencial Logístico Portuário da Baía da Babitonga”, ao lado de Beto Martins, Secretário de Estado de Portos e Aeroportos de Santa Catarina, e Egídio Antônio Martorano, Presidente da Câmara de Transporte e Logística da FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), com a moderação da Diretora Executiva da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Gabriela Costa.
Santa Catarina se consolidou como um dos principais polos logísticos do Brasil — e o Porto Itapoá teve papel central nessa transformação. Localizado na Baía da Babitonga, um dos complexos portuários mais estratégicos do país, o terminal tem protagonizado uma revolução na infraestrutura portuária brasileira, aliando eficiência operacional, inovação tecnológica e sustentabilidade. Durante o evento, Ricardo Arten apresentou a visão de longo prazo do Porto Itapoá e defendeu Santa Catarina como a nova plataforma logística do futuro.
“Santa Catarina já se destacava pela diversidade industrial, logística e pela vocação exportadora. Agora, com investimentos estruturantes e uma gestão integrada, o Estado deu um salto em competitividade, mudando o jogo para o Brasil inteiro”, afirmou Arten.
Crescimento mais de três vezes superior à média nacional
Em 2025, o Porto Itapoá reafirmou sua posição de liderança no Sul do Brasil e de destaque no cenário nacional. No primeiro trimestre, o terminal movimentou 366 mil TEUs – medida equivalente a um contêiner de 20 pés –, ocupando a terceira posição entre os portos brasileiros em volume movimentado nessa métrica.
Porém, ao considerar o número de contêineres efetivamente movimentados — 202.113 unidades — o terminal conquistou a segunda colocação nacional, conforme dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). O crescimento de 37% em relação ao mesmo período de 2024 foi mais de três vezes superior à média nacional, que ficou em 10%.
Esse desempenho expressivo reforçou o Porto Itapoá como o maior movimentador de contêineres do Sul do país, consolidando uma trajetória de expansão contínua. Em 2024, o terminal já havia registrado seu recorde anual, superando 1,2 milhão de TEUs movimentados, e desde o início das operações, em 2011, ultrapassou a marca de 10 milhões de TEUs. Parte desse crescimento decorreu de um plano de investimentos que deve ultrapassar R$ 3 bilhões até 2026.
Investimentos na expansão para atender a demanda crescente
Somente na Fase IV de expansão, iniciada em 2024, foram aplicados R$ 500 milhões em um pacote de modernização robusto, que incluiu a ampliação de 120 mil m² do pátio, a aquisição de equipamentos de ponta e a extensão do cais em 400 metros lineares, permitindo a atracação simultânea de três navios de grande porte. A infraestrutura total passou a contar com 455 mil m² e capacidade para movimentar até 1,8 milhão de TEUs por ano.
Entre os novos equipamentos adquiridos, destacaram-se um novo portêiner — o oitavo do terminal — e 12 novos RTGs híbridos operados por controle remoto, que se somaram aos 10 já em operação. O Porto Itapoá foi o primeiro terminal da América do Sul a utilizar RTGs híbridos com controle remoto, que consomem três vezes menos combustível do que modelos convencionais.
A frota de veículos elétricos também foi ampliada: em 2024, o terminal adquiriu 20 terminal tractors elétricos, e em 2025 incorporou mais sete unidades, além de três empty loaders e um reach stacker totalmente elétricos, tornando-se o primeiro porto do Brasil a operar com esse conjunto de tecnologias zero emissão. Com isso, o Porto Itapoá passou a ter a maior frota de veículos elétricos entre todos os portos do país, abastecidos exclusivamente com energia 100% renovável certificada pela I-REC.
Apenas em 2024, graças a essa estratégia de eletrificação e eficiência energética, o terminal evitou o consumo de mais de 1,18 milhão de litros de combustível, o que representa mais de 4 mil toneladas de gases de efeito estufa que deixaram de ser emitidas na atmosfera. Em reconhecimento às suas práticas sustentáveis, o Porto Itapoá recebeu, em 2024 e 2025, a certificação I-REC e o Selo Ouro do Programa Brasileiro GHG Protocol, com um inventário completo e verificado de emissões de GEE.
A expansão contemplou ainda a instalação de um scanner de última geração para reforço da segurança e do controle de cargas, e a ampliação da estrutura para contêineres refrigerados, com 1.080 novas tomadas, totalizando 4.038 pontos — o maior número em Santa Catarina e o segundo maior do Brasil.
“Construímos um porto preparado para os próximos 50 anos. Investimos não apenas em infraestrutura física, mas em inteligência operacional, sustentabilidade e qualidade no atendimento”, destacou Arten durante sua fala no fórum. “Nosso objetivo é sermos o maior e mais eficiente terminal portuário da América do Sul.”
Esse posicionamento vem sendo sustentado por um modelo operacional centrado em tecnologia, velocidade e foco no cliente. Além da infraestrutura de última geração, o Porto Itapoá lidera há nove anos consecutivos o ranking nacional de satisfação (NPS), sendo considerado o porto mais recomendado do Brasil.
PPP inédita para financiar obra de ampliação do canal de acesso
Outro destaque apresentado no painel foi a obra de dragagem do canal de acesso à Baía da Babitonga, considerada um divisor de águas para a logística catarinense. Realizada por meio de uma Parceria Público-Privada entre o Governo de Santa Catarina, o Porto de São Francisco do Sul e o Porto Itapoá, a dragagem elevará a profundidade do canal de 14 para 16 metros, possibilitando a operação de navios com até 366 metros de comprimento totalmente carregados — algo inédito no Brasil.
“O projeto de dragagem representa um ganho em escala, competitividade e sustentabilidade para toda a cadeia produtiva”, avaliou Arten. “Os sedimentos dragados serão utilizados para recuperar as praias de Itapoá, ampliando a faixa de areia e beneficiando o turismo local — uma solução inteligente e ambientalmente responsável.”
A sinergia entre os setores público e privado foi outro ponto ressaltado pelos debatedores do Painel. “A integração entre os entes governamentais e os operadores portuários é essencial para transformar potencial em resultado concreto. Santa Catarina está liderando esse processo com pragmatismo e visão de longo prazo”, concluiu Arten.
Com estrutura moderna, capacidade em expansão, excelência operacional reconhecida e iniciativas pioneiras em sustentabilidade, o Porto Itapoá se firmou como símbolo do porto do futuro. E com ele, Santa Catarina se consolida como um novo hub logístico nacional e continental, mais eficiente, sustentável e conectado às grandes rotas do comércio global.