VI Cidesport debate boas práticas de gestão portuária em evento internacional


Evento quer também promover maior integração entre a comunidade científica e os gestores de portos, estimulando o desenvolvimento de pesquisas

Pesquisadores, professores, profissionais da área de gestão e representantes dos principais terminais portuários do Brasil e de alguns países do mundo têm encontro marcado de 30 de outubro a 1º de novembro, em Florianópolis (SC). O VI Cidesport (Congresso Internacional de Desempenho Portuário) vai trazer debates e cases de sucesso de diferentes portos com o objetivo de fomentar e estimular a discussão sobre o desempenho do setor.

 O objetivo, segundo Ademar Dutra, professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e organizador geral do evento, é disseminar e explorar as boas práticas de gestão do setor a partir da realidade de diferentes países. “Queremos também promover maior integração entre a comunidade científica e os gestores de portos, estimulando o desenvolvimento de pesquisas aplicadas que agreguem valor aos empreendimentos”, observa.

 Durante os três dias de Cidesport, a programação de palestras, painéis e apresentação de artigos científicos é intensa. No primeiro dia, o Porto de Valência, na Espanha, será destaque em uma palestra de Juan Manoel Diaz, diretor de Planificação e Controle do complexo espanhol. Diaz falará sobre transporte intermodal e zonas de apoio logístico como impulso para o desenvolvimento dos portos. Boas práticas de Portugal também ganharão vitrine na palestra do pesquisador do Instituto Superior de Economia e Gestão (Iseg) da Universidade de Lisboa, José Augusto de Jesus Felício, que falará sobre governança porto – cidade: perspectiva integrada dos stakeholders no desenvolvimento sustentável.

 A inovação no setor portuário será tema de um painel especial no último dia do evento, 1º de novembro. O debate contará com a participação de Jonas Mendes Constant, doutor em administração e gerente de projetos da Funación Valencia Port; e de José Raimundo Silva Junior, gerente de operações de Portos da Vale. Ambos falarão sobre práticas de inovação, startups e ecossistema portuário. Nesse mesmo dia, Roberto Di Biase Sampaio, North Porto Executivo Manager da Vale, explanará sobre Como criar um time de alta performance.

 Modernização dos portos

 A modernização e o desempenho no setor portuário será tema de um painel na quinta-feira, dia 31, que contará com a participação do diretor-presidente do Porto de Pecém, no Ceará, Danilo Serpa; do gerente de Desempenho Portuário e Estatística da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Correia Serra; e do coordenador geral de Descentralização e Delegações da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Alessandro Marques.

 Alessandro falará sobre o Índice de Gestão da Autoridade Portuária (IGAP), criado pela Portaria n° 574 do então Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, no final do ano passado. O documento dispõe sobre os critérios a serem atendidos pelas autoridades portuárias para obtenção da delegação das competências relacionadas à licitação de terminais localizados na área de poligonais dos portos organizados e à celebração dos contratos de arrendamento. “Também será mostrado como a Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários apresentará um ranking contendo a nota obtida por todas as administrações portuárias”, explica.

 Danilo Serpa, presidente do Porto de Pecém, fará um resumo das principais transformações pelos quais o complexo cearense vem passando nos últimos anos. Dados positivos como o de crescimento de 70% na movimentação de granel líquido no píer 2 (Terminal de Regaseificação do Pecém) nos nove primeiros meses de 2019 são alguns desses resultados. O complexo portuário do Ceará é hoje um dos portos que mais cresce na América Latina. Recentemente, o Pecém passou a ter conexão direta com o porto de Valência, na Espanha, com o início da operação da nova linha Mediterrâneo da MSC – Mediterranean Shipping Company.

 Pecém ainda será destaque na agenda de apresentações de artigos dentro do Cidesport. Uma equipe de especialistas do porto irá apresentar o case de dois projetos aplicados junto à comunidade local. Um deles é sobre como o óleo residual de cozinha transformou o problema ambiental em educação e geração de renda nas comunidades da área de influência do porto, e o outro sobre os resultados do acompanhamento escolar na área de influência do Porto de Pecém.

 Case de Itaqui

 O case de Itaqui, no Maranhão, vai ganhar destaque no painel sobre desafios da gestão portuária, no dia 30 de outubro. Ted Lago, presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) e vice-presidente da Associação Brasileira de Entidades Portuárias e Hidroviárias, explanará sobre a infraestrutura e método de gestão do complexo. Atualmente, Itaqui é o porto que mais movimenta carga no Norte/Nordeste, além do quinto maior porto público do Brasil em movimentação total. Especificamente, é o terceiro na movimentação de combustíveis e também na exportação de soja.

 É nessa região que se concentra uma grande parte da produção de grãos, do rebanho bovino e do consumo de combustíveis de todo o Brasil. Com uma profundidade de berços que chega até 19 metros – o que permite a atracação de navios de grande porte –, Itaqui tem como desafio o aumento de demanda previsto na região para os próximos anos, o que explica os R$ 1,4 bilhão de reais em investimentos na poligonal do porto até 2022. Esse valor inclui recursos próprios investidos na melhoria da infraestrutura portuária e as expansões de terminais arrendados na área do porto organizado.

 Segundo Ted Lago, estão em obras quatro grandes projetos: a segunda fase do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), o novo terminal de fertilizantes e o novo terminal de carga geral, além da expansão de um terminal de combustíveis. Em breve, deve ser anunciada a data para os leilões de quatro novos terminais de granéis líquidos, além de outros grandes projetos ainda em fase de estudo, o que reforça o momento favorável do Porto do Itaqui na atração de negócios.

 Investimentos privados

 Resultados e investimentos do terminal portuário de Navegantes serão apresentados no painel “O investimento privado no setor portuário: tendências e perspectivas”. O diretor-superintendente da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, trará o case de sucesso do terminal catarinense, que há 12 anos ajuda a elevar os índices de movimentação de contêineres no complexo portuário do Rio Itajaí. Castilho mostrará como a Portonave vem impactando positivamente na região, incluindo o aumento de receita e o PIB da cidade de Navegantes.

 Por dia, cerca de 1,7 mil caminhões são operados em Navegantes. A produtividade média é de 108,4 movimentos por hora na Portonave. Um dos principais desafios para o complexo seguir crescendo, segundo o diretor-superintendente, ainda é a estrutura logística brasileira para que o produto chegue até o porto com eficiência e preço competitivo, além de uma bacia de evolução condizente com o tamanho dos navios que começam a operar nas rotas mundiais. O painel será dividido com Aristides Russi Junior, superintendente da APM Terminals Itajaí, e com Murillo Barbosa, diretor presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP).

 Confirme a programação completa do evento no www.cidesport.com.br

Anterior Novas tecnologias transformam cadeia de suprimentos no Brasil
Próximo ENTREVISTA: Flávio Pripas, corporate venture officer da Redpoint eventures