O futuro do setor portuário passa por três eixos estratégicos: eficiência e inovação tecnológica, sustentabilidade e critérios ESG, e integração internacional. Essa foi a principal conclusão do XII Congresso Internacional de Desempenho Portuário (CIDESPORT), realizado em Florianópolis entre 12 e 14 de novembro, reunindo cerca de 300 especialistas, gestores públicos, executivos e acadêmicos. O evento consolidou-se como um espaço de debate sobre competitividade, inovação e governança, reforçando o papel dos portos brasileiros e latino-americanos no cenário global. Ao longo das discussões, ficou evidente que os portos são elementos centrais da transformação econômica e logística do continente, impulsionados por uma agenda que combina avanços tecnológicos, transição sustentável e maior integração das cadeias produtivas.
De acordo com o organizador do congresso, professor Ademar Dutra, o balanço desta edição foi amplamente positivo. Ele destacou que o CIDESPORT segue se fortalecendo como um fórum técnico e científico de referência e que a edição de 2025 trouxe debates qualificados e contribuições relevantes para o desenvolvimento portuário no Brasil e na América Latina. Dutra também ressaltou o sucesso da premiação de desempenho ESG dos portos públicos (veja quadro abaixo), que reconheceu os melhores resultados do país em indicadores ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso do setor com práticas sustentáveis.
Com o encerramento da edição deste ano, Dutra anunciou que a organização para o Congresso de 2026 já está em andamento. A próxima edição, marcada para novembro, dará continuidade à avaliação ISG dos portos públicos, ampliará o processo para incluir também os Terminais de Uso Privado (TUPs) e manterá a premiação dos melhores desempenhos, consolidando um ciclo contínuo de monitoramento e incentivo à melhoria da gestão portuária.
Entre os tópicos de destaque desta edição, o consultor internacional Luis Ascencio apresentou uma análise geopolítica sobre a crescente influência chinesa nos investimentos em infraestrutura na América Latina. Ele defendeu a necessidade de uma governança estratégica que assegure sustentabilidade, transparência e desenvolvimento produtivo, enfatizando que tais investimentos precisam gerar capacidades locais e não apenas obras físicas. Sua fala reforçou a importância de uma governança multinível entre governos e empresas, ampliando a conectividade logística e o valor agregado das exportações da região.
A eficiência operacional também foi amplamente discutida. Aristides Russi Jr., CEO da JBS Terminais, apresentou os resultados da retomada das operações portuárias em Itajaí, destacando que o primeiro ano de arrendamento já se configura entre os mais exitosos da história recente, com movimentação projetada de 410 mil TEUs. Ele também anunciou planos de expansão que podem elevar a capacidade do terminal entre 25% e 45%, dependendo de aprovação do TCU, além de confirmar o interesse da empresa em participar do futuro leilão do Porto de Santos.
Osmari de Castilho Ribas, Diretor-superintendente da Portonave – Terminais Portuários de Navegantes, reforçou a relevância da primeira fase da Bacia de Evolução do Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, que evitou a perda de mais de duas mil manobras e garantiu a liderança nacional do Terminal em eficiência, alcançando 118 movimentos por hora, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). Ele destacou ainda o impacto socioeconômico que a operação do Terminal gerou em Navegantes, que cresceu de 50 mil para mais de 93 mil habitantes desde 2006 e avançou oito posições no ranking do PIB catarinense.
A agenda ambiental teve forte presença na programação do Congresso. Robson do Couto Maia, gerente de Operações Portuárias e Marítimas do Porto Sudeste, lembrou que o setor logístico portuário tem papel central no enfrentamento às mudanças climáticas. Segundo ele, o Porto Sudeste mantém um compromisso consolidado com a economia de baixo carbono e já acumula uma década de ações de descarbonização. Entre os investimentos recentes, destaca-se a obra de adequação do cais, iniciada em 2024, com aporte de R$ 1 bilhão, que permitirá receber os maiores navios do mundo e viabilizar a futura implementação do sistema de shore power, tecnologia inédita no país que fornecerá energia elétrica a embarcações atracadas.
O XII CIDESPORT contou com o patrocínio de Porto Itapoá, Porto de São Francisco do Sul, Portonave, Terminal Investment Limited (TiL), Vale, Capes, Porto de Imbituba e EC Projetos.
Portos premiados no Melhor Desempenho ESG (2025)
Categoria: Superior a 20 milhões de toneladas
– 1º lugar: Porto de Suape
– 2º lugar: Porto de Santos
– 3º lugar: Porto do Itaqui
– 4º lugar: Porto de Rio Grande
– 5º lugar: Porto de Paranaguá
Categoria: 5 a 20 milhões de toneladas
– 1º lugar: Porto de Imbituba
– 2º lugar: Porto de São Francisco do Sul
– 3º lugar: Porto de Salvador
Categoria: Inferior a 5 milhões de toneladas
– 1º lugar: Porto de Cabedelo
– 2º lugar: Porto de São Sebastião
– 3º lugar: Porto de Porto Velho


