Artigo: CONCENTRAÇÃO DA CONTAINER SHIPPING INDUSTRY NO BRASIL, por Wagner Antônio Coelho


A evolução da conteinerização no mundo e suas fases e impactos na logística internacional provocaram alterações substanciais na navegação aquaviária, operação portuária com carga e descarga e suas movimentações em terra.

A tendência de crescimento dos navios porta contêineres, portos e terminais portuários, também provocou uma reacomodação das empresas envolvidas na indústria da navegação marítima especializada no segmento de contêineres — container shipping industry —, com várias fusões, aquisições e operações em joint services,

O mercado da shipping container industry se tornou mais concentrado nos últimos cinco anos, com fusões entre os armadores Chineses COSCO, China Shipping e OOCL (China COSCO), dos armadores japoneses NYK, K-line e MOL, na formação da gigante ONE, e a gigante Maersk Line que ficou ainda maior com a aquisição da alemã Hamburg Süd, depois de inúmeras aquisições realizadas a partir de 1994 (Sealand, Safmarine, PO Nedloyd), Hapag Lloyd e UASC, CMA CGM e APL.

No Brasil, em razão das fusões e aquisições observadas no mercado internacional, verificou-se uma redução no número de companhias da container shipping industry com movimentações nos terminais portuários brasileiros, relacionadas a operações de longo curso. Em 2014, aproximadamente 20 armadores participavam desse mercado no Brasil, com redução para 10 em 2019.

Nesse sentido, ressalta-se uma concentração de aproximadamente 80% da movimentação de contêineres realizada no Brasil por apenas quatro empresas, com domínio dos armadores europeus especializados em carga conteinerizada reefer  e dry (Maersk, MSC, HAPAG e CMA CGM).

Outro fator a ser ressaltado é o domínio da Maersk Line com mais de 35% das movimentações de contêiner no Brasil, oriunda, principalmente, da aquisição da companhia alemã Hamburg Süd, em 2018, até então, a principal movimentadora de contêineres no Brasil,

Essa concentração é ainda maior em determinadas linhas, tais como entre portos no pacífico norte e do extremo oriente para Europa, em razão das estruturas de joint service realizadas entre as empresas da container shipping industry, em âmbito mundial, com o 2M Alliance composto pela Maersk e MSC, o joint Ocean Alliance (CMA CGM, Cosco e Evergreen), e, o joint The Alliance (HAPAG Lloyd, ONE e Yang Ming).

No Brasil, tal estratégia é observada após o período de grandes fusões e aquisições, com alguns joints formados de forma diferente das estruturas utilizadas nas principais linhas do pacífico e extremo oriente para Europa, especialmente, nas linhas do extremo oriente para costa leste da América do Sul, como por exemplo a composição do novo joint denominado ÁSIA 1, composto por Maersk, ONE, HAPAG e ZIM, com navios operados pelo Grupo Maersk (Maersk e Hamburg Süd), com operações no Brasil no terminal portuário BTP em Santos, TCP Paranaguá, TUP Itapoá e APM Terminal Itajaí.

As alterações demonstradas na concentração da container shipping industry no Brasil demonstram a necessidade de análises mais detalhadas desse fenômeno pela Antaq, para evitar abusos junto aos usuários desse importante segmento.ν

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