Câmara Árabe abre escritório no Cairo


O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, e a ministra do Comércio e Indústria do Egito, Nevin Gamea, inauguraram nesta quarta-feira (29) o escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira no Cairo, o segundo da instituição em um país árabe. A Câmara Árabe possui um escritório em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

A cerimônia de abertura contou com a presença de Antonio Patriota, embaixador do Brasil no Cairo, do embaixador Kamal Hassan Ali, secretário-geral adjunto para Assuntos Econômicos da Liga Árabe, Khaled Hanafy, secretário-geral da União das Câmaras Árabes, Ibrahim Al-Arabi, presidente da Federação das Câmaras de Comércio do Egito, e do embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, entre outras autoridades.

Mourão anunciou o acordo com Egito que visa inaugurar um voo direto entre Cairo, capital do país árabe, e São Paulo, visto que Egito é listado entre os principais parceiros do Brasil, não apenas no mundo árabe, como também na África, principalmente na área econômica.

Além disso, ele destacou que desde a assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e Egito, as relações econômicas e comerciais conjuntas têm se intensificado cada vez mais, e relembrou que o Congresso Nacional  aprovou um conjunto de reformas tributárias com a intenção de atrair novos investimentos estrangeiros.

Mourão explicou que durante sua visita ao Egito sentiu uma forte vontade por parte dos líderes políticos e empresariais egípcios em desenvolver relações econômicas, salientando, nesse contexto, a importância do acordo com a Federação das Câmaras de Comércio do Egito para sediar o escritório da Câmara Árabe e o consequente fortalecimento das relações econômicas e comerciais conjuntas.

Brasil e Egito

Por sua vez, a ministra Nevin Gamea transmitiu a admiração de seu governo pelas relações históricas entre Egito e o Brasil, um dos mais importantes parceiros do Egito no continente latino-americano no âmbito político e econômico. Gamea citou também o importante papel do setor privado e das organizações empresariais na consolidação das relações bilaterais entre os dois países, nas esferas de comércio, indústria e investimento.

Ela informou que o projeto da nova capital administrativa do Egito, visto como uma das maiores e melhores iniciativas adotadas nos últimos tempos pelo governo egípcio, é muito parecido com a nova capital do Brasil, Brasília. Segundo Gamea, esse é o projeto nacional mais importante, criado e realizado pelo presidente Abdul Fattah Al-Sisi, entre inúmeras iniciativas que estão sendo implementadas atualmente.

Gamea acrescentou que a ativação do acordo de livre comércio Mercosul-Egito, que entrou em vigor em setembro de 2017, contribuiu para a consolidação das relações comerciais entre os dois países, especialmente durante a pandemia do novo coronavírus. Ela também lembrou que a segunda reunião da Comissão Mista Egito-Mercosul, realizada em meados deste mês de setembro, teve expressivo êxito e contou com forte participação de autoridades egípcias e do Mercosul.

A ministra destacou a importância de ativar o trabalho conjunto entre as duas nações, concretizando-o em projetos de cooperação que possam contribuir para a geração de novos empregos e o alcance dos objetivos urbanos, industriais, turísticos e agrícolas do interesse dos povos e das economias egípcia e brasileira.

Ademais, Gamea expressou as boas-vindas do governo e do setor privado egípcio, inclusive a Federação das Câmaras de Comércio do Egito, à abertura do escritório da Câmara Árabe no Cairo. De acordo com ela, o escritório possuirá um papel fundamental no atendimento aos interesses comuns dos empresários brasileiros e egípcios, no fortalecimento da cooperação comercial e na circulação de bens e serviços entre as regiões.

Também foi mencionado pela ministra o relevante papel do escritório no desenvolvimento do intercâmbio comercial entre Egito e Brasil, podendo o Egito ser o ponto de partida para o Brasil para os mercados dos países africanos e para o aproveitamento dos acordos de livre comércio do Egito com os demais países africanos, entre eles o acordo COMESA (Mercado Comum da África Oriental e Austral) e o acordo da Zona de Livre Comércio Continental Africana, o qual visa facilitar o comércio entre os países desse continente.

Espaço para mais comércio 

Khaled Hanafy disse que o volume de comércio entre o Egito e o Brasil está estimado em US$ 2,5 bilhões, mas não corresponde ao que os dois países aspiram e que agora será buscada uma aliança comercial estratégica. Hanafy acrescentou que o principal objetivo da Câmara de Comércio Árabe Brasileira é ter o Egito como elo entre Brasil e os demais países árabes, através do uso das ferramentas da Indústria 4.0 e dos recursos tecnológicos disponíveis, lembrando que o Egito caminha a passos largos para se transformar em uma economia mais ampla.

Hanafy acredita que “há espaço para ampliar e aumentar as exportações Brasil e a região árabe, o que atesta a necessidade de uma via marítima direta ligando essas partes do mundo”. Ele declarou que a União das Câmaras Árabes, em cooperação com seus parceiros no Brasil, principalmente a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, não economizará esforços na construção de relações estratégicas entre árabes e brasileiros.

Ibrahim Al-Arabi, presidente da Federação das Câmaras de Comércio do Egito, ressaltou a importância de promover a cooperação econômica entre o Egito e o Brasil, nos níveis bilateral e multilateral, no âmbito do acordo de livre comércio Mercosul-Egito, afirmando que o Brasil continuará sendo um grande parceiro do Egito nas diversas áreas e setores produtivos. Ele citou que os investimentos conjuntos ultrapassaram US$ 1 bilhão na indústria de cimento, ônibus, reboques, indústrias alimentícias, agricultura e eletricidade.

Al-Arabi relatou que o governo egípcio tem apoiado o grande mercado egípcio, estabelecendo acordos de livre comércio que permitiram o livre acesso dos produtos egípcios a mercados com capacidade de consumo de mais de 3,1 bilhões de pessoas, incluindo países árabes, países da União Europeia, países da EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), continente africano, Mercosul e Estados Unidos. Ele lembrou que o acordo de livre comércio com os países da União Econômica Eurasiática está em fase de finalização.

Internacionalização

Por outro lado, o embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, enunciou: “Hoje estamos comemorando a inauguração oficial de nosso escritório no Cairo, entrando numa etapa crucial de internacionalização da Câmara Árabe, em prol da consolidação da nossa presença global, que faz parte do planejamento estratégico do crescimento de nossa instituição”.

Chohfi afirmou que o escritório oferecerá mais assistência aos empresários brasileiros e egípcios, com o intuito de aprimorar a cooperação comercial, econômica e tecnológica, e dará apoio às iniciativas lideradas pelo governo do Brasil e do Egito, estreitando as relações entre ambos os países para maior crescimento e expansão do mercado.

Ele declarou que Egito foi o primeiro país árabe a estabelecer relações diplomáticas com o Brasil, e manteve, há séculos, sua saudável relação comercial mundial, principalmente no Norte da África, Mediterrâneo Oriental e África Subsaariana, devido à localização geográfica estratégica.

*Reportagem de Omar Assi

Fonte: ANBA

 

Anterior Indústria do aço volta a ter produção no nível pré-pandemia
Próximo Relatório do BC derruba de US$ 70 bilhões para US$ 43 bilhões previsão de superávit comercial em 2021