Diretor da ANTAQ fala sobre desenvolvimento da navegação interior no 12º Seminário Internacional da Sobena


O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, Adalberto Tokarski, participou hoje (19) da mesa de abertura do 12º Seminário Internacional de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário Interior, promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia Naval – Sobena. Tokarski falou sobre a “Visão da agência reguladora no desenvolvimento da navegação interior”. O evento prossegue até quinta-feira (21), com a realização de palestras e apresentação de estudos técnicos do setor.

Em sua apresentação, o diretor da ANTAQ falou sobre os desafios para destravar o transporte hidroviário interior, de forma a propiciar uma utilização do modal com maior eficiência e economicidade. “Conforme estudo da Agência, em 2010, tínhamos 21.000km de vias interiores economicamente-navegadas. Em 2018, esse número caiu para 18.616km, afetando todas as regiões hidrográficas e ligando o sinal de alerta de que o setor deve ser tratado como prioridade”, observou.

Segundo Tokarski, os casos das hidrovias do Paraguai e do Tietê-Paraná, que vivem uma paralização em face da crise hídrica e da falta de gestão das águas, são os mais graves. Mas, segundo o diretor informou, o transporte de cargas na hidrovia do São Francisco também está paralisado.

O diretor da ANTAQ lembrou que, por conta da paralização por 20 meses, em 2014, a hidrovia Tietê-Paraná perdeu credibilidade. Segundo informou, a hidrovia, que vinha crescendo até aquele ano e transportou 6,1 milhões de toneladas, nunca mais voltou àquele volume. “Por isso, eu reforço como pauta importante para o país discutir uma política para navegação fluvial que olhe o todo – o transporte de cargas e o transporte de passageiros, a questão da sustentabilidade e também o uso múltiplo das águas”, frisou.

Já como resultado da paralisação da navegação do rio Paraguai, Tokarski informou que atualmente estão saindo 1.000 caminhões/dia com minério de ferro de Corumbá- MS para a Argentina, já que a Vale, proprietária do minério, tem que cumprir o contrato com a siderúrgica argentina, gerando prejuízo econômico e ambiental.

De acordo com o diretor da ANTAQ, mesmo com todos esses problemas, o transporte por vias interiores cresceu 46% no período 2010/2020, atingindo um total de 110 milhões de toneladas de cargas no ano passado. A soja, seguida da bauxita e do milho, foi a mercadoria mais transportada pelos rios brasileiros, em 2020, totalizando 26,29 milhões de toneladas. Os números incluem o transporte de cabotagem e longo curso em vias interiores.

Considerando apenas o transporte de cargas em vias interiores, a evolução no período 2010/2020 foi de 72%. Em 2020, foram transportados exclusivamente nessas vias 39,4 milhões de toneladas de cargas, com destaque para soja e derivados, que totalizou 13,22 milhões de toneladas transportadas no ano passado.

Em relação à navegabilidade no Complexo Tocantins-Araguaia, Tokarski reiterou a necessidade do derrocamento do Pedral do Lourenço. A derrocagem da estrutura de 35 km, localizada no Estado do Pará, vai viabilizar o tráfego de embarcações no rio Tocantins, aumentando a navegabilidade na região.

O diretor da ANTAQ mencionou ainda a importância do transporte multimodal para a logística do país. Mas para tornar a multimodalidade uma realidade, é essencial – segundo ele – reduzir a burocracia, agilizar os processos internos, modernizar os normativos, induzir e atuar em ações e discussões multissetoriais que levem à redução dos entraves no setor e ao aproveitamento regular e integrado dos diferentes modais de transporte. “Só assim alcançaremos a racionalidade logística e a eficiência no transporte de pessoas e cargas”, apontou.

Por fim, Tokarski afirmou que o desenvolvimento do modal passa pela criação de uma secretaria especifica para o setor. “Tem que ser uma estrutura que se debruce exclusivamente sobre os problemas da navegação interior, no âmbito do Ministério da Infraestrutura, e uma diretoria de navegação fluvial no organograma do DNIT”, afirmou. E concluiu: “Dessa forma, e atuando em parceria com o setor privado, poderemos pensar na viabilização de obras de dragagem, sinalização, balizamento e derrocamento dos nossos rios, proporcionando um escoamento mais eficiente e seguro para os nossos produtos”.

 

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