Exportação de soja e derivados tende a bater recorde


Segundo a Abiove, receita dos embarques do complexo deverá somar US$ 41,1 bilhões em 2021

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) ajustou projeções para o “complexo soja” (grão, farelo e óleo) em 2020 e manteve inalteradas estimativas para 2021, apresentadas em novembro. Durante evento online realizado na manhã de hoje, a entidade anunciou uma ampliação de 126,4 milhões para 127 milhões de toneladas em seu cálculo para a colheita do grão na safra passada (2019/20), ante as 120,75 milhões produzidas em 2018/19.

Já as exportações de soja em grão deverão encerrar 2020 em 82,3 milhões de toneladas, acima da 82 milhões de toneladas projetadas em novembro. Os embarques alcançaram 74 milhões de toneladas em 2019. O processamento em 2020 também foi ampliado, de 44,6 milhões para 45 milhões de toneladas, ante 43,45 milhões de toneladas no ano passado. E os estoques finais totais do ano foram reduzidos de 319 mil para 219 mil toneladas.

A Abiove manteve a estimativa feita em novembro para a safra de soja 2020/21, em 132,6 milhões de toneladas. “Mesmo que a produtividade venha a cair um pouco, tudo indica que a produção ainda baterá um novo recorde”, afirmou André Nassar, diretor presidente da Abiove. A área cultivada deverá somar 38,3 milhões de hectares, ante 37,1 milhões em 2019/20.

A associação também manteve a estimativa de exportações do grão em 2021 em 83,5 milhões de toneladas, bem como a projeção de processamento recorde de 45,8 milhões de toneladas. Para a receita das exportações do complexo, foi mantida a estimativa de US$ 41,1 bilhões no ano que vem, pouco acima do resultado previsto para este ano e novo recorde (ver infográfico).

A importação brasileira de soja, a maior da história neste ano, com 1 milhão de toneladas, deverá alcançar 800 mil toneladas em 2021, ante projeção anterior de 500 mil. A associação, no entanto, estima que o volume poderá igualar o patamar de 2020 no ano que vem.

Também no evento de ontem, a Abiove informou que a área semeada em desacordo com a moratória da soja cresceu 23% na safra 2019/20, para 108,4 mil hectares – foram 88,2 mil hectares em 2018/19. Essa área corresponde a 2% do total semeado no bioma. “Nos últimos oito anos de monitoramento, foi o menor incremento em termos percentuais”, frisou Bernardo Pires, gerente de sustentabilidade da Abiove. O aumento mais expressivo ocorreu em 2013/14, quando a área em desacordo passou de 11,2 mil hectares, em 2012/13, para 20,46 mil (+83%).

“Apesar de ter uma retomada em relação ao ano passado, as taxas são muito distintas de antes da moratória [acordo assinado em 2006]”, afirmou. “Não vejo perspectiva para a expansão da área desmatada de soja no bioma na nova safra”, acrescentou.

Os dados da Abiove indicam que a média de desflorestamento antes da moratória nos 102 municípios monitorados era de 9,97 mil quilômetros quadrados ao ano, e que após a moratória essa média caiu para 2,4 mil quilômetros quadrados.

No mercado de biodiesel, a intenção da Petrobras de incluir no mandato de biodiesel o combustível HBIO, feito com 5% de óleo vegetal, também mereceu comentários da Abiove no evento de ontem. A mistura obrigatória de biodiesel no diesel vendido no país é atualmente de 11% e, segundo a entidade, a Petrobras quer garantir um pedaço desse mercado com seu novo produto. Pelo menos inicialmente, apenas a estatal produzirá a novidade. “A Petrobras não está preocupada em aumentar o mandato [do biodiesel], só quer entrar no mandato. E quando isso acontecer, vai roubar mercado de biodiesel”, afirmou André Nassar.

Fonte: Valor Econômico

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