Infraestrutura vive ano de estagnação dos investimentos


Os investimentos em infraestrutura despencam e será um desafio até para o próximo presidente retomá-los, avaliam especialistas que atuam em áreas voltadas à implementação de transporte, telecomunicações, energia, água e saneamento básico.

No ano passado, os recursos aplicados na infraestrutura do país caíram 12,4%, em termos reais. Chegaram a 1,69% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, segundo a Inter.B.

A taxa, que era de 2,31% do PIB em 2014, foi caindo ano a ano com o avanço da crise e, em 2018, deverá fechar no mesmo em 1,7% —estagnação em relação a 2017.

Em uma projeção otimista, pode haver reação a partir do segundo semestre de 2019, quando a nova gestão teria janela para um “miniboom de concessões”, avalia o economista Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B.

Para obter esse resultado, porém, haveria condicionantes. O novo presidente teria, por exemplo, de manter o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), promover uma maior aproximação entre os técnicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do órgão de desestatização e destravar projetos já em curso.

A expectativa de paralisia no setor nos próximos meses é natural por causa do ciclo eleitoral, afirma Fernando Marcondes, sócio da L.O. Baptista Advogados.

Em fim de mandato, os governos não têm mais fôlego para grandes movimentações e os novos gestores passam por um período de gestação de equipes e projetos.

O advogado Mauro Penteado, sócio de infraestrutura do Machado Meyer, é mais otimista: aposta que já a partir do primeiro trimestre possam haver propostas concretas na área.

Ele, porém, admite que o cenário pode mudar bastante a depender do resultado das urnas.

Para Venilton Tadini, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), que defende os investimentos públicos no setor, o problema vai além da transição eleitoral: tem raiz a crise fiscal.

“[A retomada] vai depender da forma como será tratado o ajuste fiscal na próxima gestão. É preciso abrir espaço no Orçamento para investimentos públicos. O setor privado não vai resolver a infraestrutura do país”, diz ele.

Os anos de retração econômica e o abalo provocado pela Operação Lava Jato deixaram um rastro de obras paradas, concessões em dificuldade financeira e disputas em aberto entre empresas, governos e agências reguladoras.

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