Lockdown em Xangai já afeta operações no maior porto de contêineres do mundo


As medidas para conter o pior surto de covid-19 em Xangai já estão prejudicando as operações no porto de contêineres mais movimentado do mundo, provocando atrasos às exportações de produtos eletrônicos, têxteis, farmacêuticos, carros e muito mais itens.

Embora os navios recebam autorização para atracar normalmente, há atrasos significativos decorrentes dos protocolos de testes de covid-19, que impedem que caminhões e barcaças movimentem cargas, segundo fontes de empresas de logística ao “Caixin”.

Como parte das condições para operar, a administradora do porto de Xangai implementou um sistema de circuito fechado para estivadores semelhante ao usado durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.

Os motoristas não podem entrar no porto, a menos que possam fornecer prova digital de um resultado negativo de teste de ácido nucleico nas 48 horas anteriores, uma das regras estabelecidas pela Secretaria Municipal de Administração de Transporte Rodoviário de Xangai na terça-feira (29).

Ao mesmo tempo, os caminhoneiros estão relutantes em levar mercadorias para Xangai devido às políticas locais que exigem que eles fiquem em quarentena ao deixarem a cidade. Como resultado, o porto de Xangai, que movimenta 17% do volume total de mercadorias que passam pelos portos chineses, está “meio paralisado”, disse um despachante local ao “Caixin”.

Moradores da metade oeste de Xangai estão confinados desde segunda-feira (28). Nessa sexta (1º), o lockdown entrou em vigor no lado leste da cidade, inclusive em Pudong, principal distrito financeiro, enquanto as autoridades realizam testes em massa. Cerca de 9 milhões de pessoas afetadas pelo lockdown inicial deveriam poder deixar suas casas na sexta-feira, mas a maioria permanece confinada por estarem em regiões onde houve casos positivos para o vírus.

O lockdown, que estava previsto para terminar na próxima terça-feira (5), pode ser prorrogado por uma semana ou mais, disseram as autoridades, já que a China mantém a política de “tolerância zero” contra a covid-19, mesmo com grande parte do mundo avançando para conviver com o vírus.

O lockdown impede que ônibus, táxis, balsas e vagões de metrô circulem sem aprovação, com as empresas autorizadas a operar apenas em circuito fechado ou com seus funcionários trabalhando em casa. Wang Xiaolong, executivo da Shanghai Zhongyuan Container Shipping Agent, disse ao Caixin que muitos caminhoneiros estão se recusando a transportar mercadorias para a cidade porque correm o risco de ficar em quarentena quando saem.

“A questão não é o porto, são os caminhões”, disse Jarrod Ward, diretor de desenvolvimento de negócios da Yusen Logistics, em Xangai. “A regra das 48 horas é bastante difícil, mas aí você tem a ambiguidade das mudanças nas regras. Os próprios caminhoneiros podem estar na estrada quando a regra mudar, então acho que isso cria um sentimento real de preocupação.”

Os produtos exportados de Xangai vêm principalmente das províncias vizinhas de Jiangsu e Zhejiang – grandes centros de fabricação de eletrônicos, semicondutores e têxteis.

A gigante marítima dinamarquesa Maersk disse na segunda-feira que suspenderia as operações de seus armazéns em Xangai entre segunda e sexta-feira em meio ao lockdown, o que, segundo ela, levaria a atrasos nos prazos de entrega e aumento nos custos de transporte. A Maersk estima que o lockdown reduzirá a eficiência do transporte de caminhões para dentro e para fora de Xangai em até 30%.

Navios desviados

Algumas companhias de navegação já estão desviando navios com destino a Xangai para o porto de Ningbo, na província de Zhejiang. Ningbo é normalmente a melhor alternativa a Xangai, disse um despachante ao “Caixin”, mas não está claro até quando, acrescentou, já que as autoridades locais relataram novos casos de covid-19 nesta semana.

Ward disse que as empresas agora estão sendo forçadas a tomar uma decisão difícil sobre desviar sua carga para Ningbo.

As restrições impostas pelas autoridades para conter a propagação da covid-19 já resultaram no aumento do congestionamento fora de ambos os portos. Na quarta-feira, um total de 168 navios porta-contêineres aguardavam para atracar em Xangai e Ningbo, de cerca de 120 navios na semana passada, de acordo com dados fornecidos pelo certificador de navios do Reino Unido Lloyd’s Register.

Foto: Qilai Shen/Bloomberg

Fonte: Valor Econômico

 

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