VLI inicia operação semiautônoma de trens no Corredor Centro-Norte


Cerca de 50 locomotivas da VLI – companhia de soluções logísticas que opera ferrovias, portos e terminais – que circulam no Corredor Centro-Norte do país agora contam a tecnologia Assistente de Condução. Isso significa que quando o trem atingir velocidade superior a 8 km/hora, o maquinista pode habilitar a condução semiautônoma, que tem como objetivo a busca do melhor desempenho de eficiência energética e, indiretamente, também contribui para a redução de emissão de CO2. A companhia estima a economia de combustível com o software em 3,5% neste corredor.

O gerente de Engenharia de Material Rodante da VLI, Julio Bicalho, explica que o sistema passou por adaptações para as especificidades da ferrovia brasileira. “Fizemos diversos testes em campo antes da liberação para a operação. E fazemos melhorias contínuas no sistema, para cada vez mais o aprimorá-lo”. O gerente de Engenharia de Operação e Tecnologia da VLI, Fabrício Frade, destaca que, a cada nova versão do software, aumenta-se a capacidade de controle do trem. “No início ele controlava 20% do trecho e hoje esse percentual fica entre 70% e 80%”, frisa.

Julio Bicalho afirma que o papel do maquinista continua sendo essencial na operação do trem, principalmente para assumir o controle na aplicação do freio automático em situações abaixo da velocidade mínima ou diante de qualquer variável não planejada. “O maquinista continua sendo os olhos da condução do trem, responsável por supervisionar a operação do assistente e retomar o controle quando julgar necessário”.

Parceria

A operação semiautônoma dos trens é realizada em parceria com a Progress Rail, uma subsidiária de propriedade da Caterpillar desde 2006, que fornece produtos e serviços para sistemas ferroviários. Ela é um dos maiores provedores integrados e diversificados de soluções e tecnologias de infraestrutura e material circulante para clientes de ferrovias globais.

O sistema Leader, que otimiza a condução do maquinista, bem como a maior parte da frota atual da VLI, são frutos deste trabalho em conjunto. De acordo com Fabrício Frade, o Leader é uma tecnologia da New York Air Brake (NYAB). “A VLI e Progress Rail estão instalando e customizando o software para a realidade da VLI, com a cooperação da NYAB”.

Segundo Julio Bicalho, desde essa parceria para fabricação e aquisição de locomotivas, a VLI e a Progress Rail foram pioneiras nas operações com as locomotivas de tecnologia AC de bitola métrica no Brasil. A tecnologia AC permite a circulação das locomotivas de forma mais eficiente, trazendo vários benefícios, entre eles o aumento do esforço trator que permite acrescentar uma maior quantidade de vagões no trem, quando se compara com um trem formado por locomotiva de tecnologia DC. “Além disso, o nosso perfil de linha é muito sinuoso e possuiu muitas rampas, requerendo mais esforço das locomotivas. Com o uso de locomotivas de tecnologia AC conseguiu-se uma redução dos impactos na circulação e manutenção dos trens”.

Conforme o gerente de Material Rodante, outra parceria no pacote de tecnologia foi a implantação AESS (Automatic Engine Start and Stop) nas locomotivas. Trata-se de um sistema que desliga e religa as locomotivas nos momentos de parada dos trens. “As locomotivas novas já vêm com essa tecnologia, porém, a frota mais antiga não dispunha desse sistema. Foi realizado o projeto de adequação do sistema AESS e implantado em cerca de 80 locomotivas para contribuir com eficiência do consumo, gerando uma economia em torno de 1,2% de combustível”.

Fuelytics

Outra ferramenta que a companhia desenvolveu e implantou com o objetivo de viabilizar a redução do consumo é o Fuelytics. A solução correlaciona variáveis operacionais e identifica oportunidades de melhorias para otimização da eficiência energética, de modo que contribui para menor uso de combustível. Com o uso dessa tecnologia, em 2021 a VLI registrou a economia de 1,2 milhão de litros de combustíveis, o que reduziu a emissão de 3,57 mil toneladas de CO².

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