Consulta por conteúdo local para corvetas ainda é considerada baixa


Fornecedores de equipamentos nacionais esperam interesse maior por parte dos finalistas da concorrência para construção das corvetas classe Tamandaré para Marinha em relação ao conteúdo local. Um fornecedor de equipamentos que manteve conversas com representantes dos consórcios da ‘short list’ revelou que as cotações por equipamentos locais ainda estão tímidas nesta reta final.

Um dos motivos alegados pelos consórcios seria a dificuldade de encontrar cotações localmente, seja por conta das demissões na indústria, seja pela falta de engenharia de projetos, ambas fruto da ociosidade no setor de O&G nos últimos quatro anos.”O mercado quer cotar itens de prateleira. Eles [proponentes] não estão cotando”, diz um fornecedor que preferiu não ser identificado.

A fonte observa que alguns dos proponentes da ‘short list’ das corvetas estão declinando da cotação e afirma que há fornecedores dispostos a apresentar conteúdo local para os finalistas. As empresas acreditam que a indústria brasileira consegue atender parte da demanda de equipamentos para as corvetas.

Os fabricantes temem que os proponentes deixem de lado o conteúdo local por considerar os itens nacionais mais caros, e peçam isenção de atendimento ao índice (waiver) à Marinha. Eles tentam a evitar a importação de alguns itens, como ocorreu na construção dos submarinos da força naval, sob argumento de não haver itens similares no Brasil. “Os fornecedores querem desmistificar a questão e provar que podem atender parte da demanda”, diz a fonte.

Procurada pela Portos e Navios, a Marinha negou a existência de pedidos de isenção de conteúdo local por parte dos proponentes à construção das corvetas. A força naval afirmou que as principais dúvidas apresentadas pelos consórcios no processo das corvetas foram esclarecidas. Segundo a Marinha, a primeira fase do processo (análise das propostas) teve estabelecidos dois períodos de questionamentos: o primeiro de 22 de janeiro a 27 de abril de 2018 e o segundo de 13 de agosto a 13 de setembro. “As proponentes apresentaram 284 solicitações variadas, as quais foram satisfatoriamente esclarecidas”, diz a Marinha em notaA ‘short list’, anunciada no último dia 15, é formada pelos consórcios: “Águas Azuis”, “Damen Saab Tamandaré”, “FLV” e “Villegagnon”. Com a decisão, a construção desses navios está entre os estaleiros: Enseada (BA), Oceana (SC), Vard (PE) e Wilson Sons (SP). Os investimentos previstos para construção das quatro unidades são da ordem de US$ 1,6 bilhão. De acordo com a Marinha, a decisão sobre a melhor proposta, que estava prevista para ser anunciada em dezembro de 2018, deve ocorrer até o final de março.

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