Experiência digital da Intermodal conecta profissionais de logística


O Intermodal Xperience chegou ao fim nesta quinta-feira, 8, celebrando o sucesso do evento que é a primeira edição na versão digital da Intermodal South America. A experiência online atingiu o objetivo de conectar, na plataforma virtual Xperience, profissionais dos setores logístico, de transporte de cargas e comércio exterior.

“A nova dinâmica digital mostrou-se uma ferramenta extremamente eficiente e inovadora ao oferecer ao público da Intermodal conteúdos exclusivos, de qualidade, para manter a comunidade conectada e informada sobre as tendências e os assuntos que estão em pauta no setor. A plataforma também cumpriu o papel de incentivar um networking assertivo e promover a oportunidade de geração de negócios. Sem dúvida, a versão online será uma novidade permanente neste novo momento que estamos vivendo dos eventos B2B”, destacou o diretor do evento, Hermano Pinto Júnior.

Uma novidade do Intermodal Xperience foi a possibilidade de participar de um tour virtual e conhecer de perto empresas líderes que participaram do evento. Neste último dia de evento online foi a vez do Mercado Livre. O público pôde conhecer o centro de distribuição da empresa localizado em Cajamar (SP), destinado à operação de Fulfillment, onde o Mercado Livre faz todo o serviço logístico da gestão de estoque, preparo dos pedidos, envio e entrega de mais de 6.800 vendedores. O complexo de Cajamar é formado por três prédios que totalizam o equivalente a 18 campos de futebol.

A estratégia de negócios do Mercado Livre e como a companhia fez para manter suas operações logísticas em pleno desenvolvimento, inclusive durante a pandemia, foram alguns dos destaques da programação de conteúdo do Intermodal Xperience durante o bloco da tarde desta quinta, 8. Em uma palestra conduzida pelo vice-presidente de operações logísticas da companhia, Leandro Bassoi, o assunto foi a “escalabilidade logística em um ambiente de hiper crescimento abrupto”.

Mas, para entender os caminhos adotados após a chegada da Covid-19, é preciso compreender como a empresa chegou até aqui em termos de operações logísticas. “Em 2017, nos reunimos para definir a rede logística que considerávamos ideal para o nosso negócio e para construir os melhores níveis de serviços aos nossos clientes neste aspecto. Estávamos indo muito bem, expandindo nossa rede aos poucos, construindo toda a tecnologia que queríamos com nosso time de desenvolvedores, até que, em fevereiro de 2020, veio a pandemia e um cenário de muitas incertezas”, disse.

Frente a esta situação, Bassoi lembrou que a empresa se deparou com duas alternativas: preparar-se para uma eventual retomada e escalada abrupta da demanda, correndo o risco de enfrentar custos desnecessários, ou esperar outros sinais sobre o que aconteceria e assumir o risco de comprometer os níveis de serviços caso a demanda voltasse a subir. “Escolhemos seguir o caminho da escalada, pois entendemos a logística como um investimento a longo prazo e que pode mudar a experiência dos usuários mais para frente. A partir daí, com a estratégia já definida e as tecnologias que utilizaríamos desenvolvidas, conseguimos então escalar o restante de nossa malha logística com velocidade, multiplicando em 3,5 vezes o número de vans realizando nossas entregas, aumentando o nosso headcount operativo de forma agressiva (em torno de 95% a mais), investindo em segurança para os nossos colaboradores seguirem trabalhando com tranquilidade frente à pandemia, entre outras iniciativas que nos fizeram crescer 138% no compilado de fevereiro a junho deste ano”, completou.

Cadeia de suprimentos na rede varejista

Ainda na temática de gestão da cadeia de suprimentos, o diretor executivo de supply chain do Grupo Pão de Açúcar, Marcelo Arantes, falou sobre como funciona o Centro de Controle Operacional de Abastecimento (CCOA) da companhia e os desafios de gerenciar toda a cadeia de distribuição da empresa, composta por mais de mil lojas em todo o território nacional, vinte e quatro centros de distribuição (CD’s) e mais de dez mil colaboradores, sem contar os inúmeros fornecedores.

Para ele, um dos principais desafios é manter a integração e a sincronização de todos os players envolvidos nos processos, já que, normalmente, cada um está preocupado apenas com as respectivas necessidades. “O CCOA vem para garantir que toda a cadeia está sendo respeitada, monitorada e otimizada, dando mais visibilidade às operações para que tudo aconteça de forma estruturada, agilizando assim as tomadas de decisões. Isso porque não adianta agendar uma entrega em um CD, por exemplo, se ele não tiver espaço para receber a mercadoria. Forçar uma situação como essa somente fará com que a mercadoria seja armazenada de forma incorreta e em condições inadequadas. Então, a ideia – com este centro de controle – é gerenciar e integrar todos os nossos ativos de forma mais eficiente e sincronizada, evitando assim eventuais problemas no percurso”.

A Evolução da Multimodalidade na Logística Organizacional

Em pauta mais uma vez, a multimodalidade foi o tema da palestra conduzida pelo diretor executivo da GolLog, Julio Perotti, que abordou “A Evolução da Multimodalidade na Solução Logística das Organizações” e o que é preciso ser feito para se alcançar o patamar ideal neste aspecto.

Para ele, é primordial que as empresas e profissionais do setor compreendam o que é multimodalidade de fato. “O grande desafio é entender a cadeia logística como um todo e como funciona na prática, pois só assim será possível propor soluções realmente alinhadas às necessidades do mercado. Afinal, intermodalidade é muito mais do que a contratação de uma série de serviços; é a integração da cadeia logística em si. Então, antes de ofertar uma solução, é necessário prestar atenção se há as condições necessárias para cumpri-la de ponta a ponta: se há infraestrutura disponível para executá-la, se há locais suficientes para carga e descarga, se há meios de transporte, se há recursos e mais uma variedade de fatores. É preciso planejamento”.

Para finalizar, o executivo apresentou ainda algumas opções de como realizar a integração, de fato, das operações. “Uma alternativa é verticalizá-las, com controle centralizado, concentração das margens operacionais e mais eficiência fiscal. Outra opção é a terceirização, que exige menor investimento e que tem a tendência de garantir ganhos de escala. E uma terceira alternativa é a de compartilhar conhecimento, ou as chamadas joint ventures, que também podem garantir alguns ganhos mais para frente”.

Omnicanalidade é um desafio tributário

O conteúdo do Intermodal Xperience contou também com a participação do conselheiro e coordenador do comitê de e-commerce da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Roberto Lyra, e do diretor de Assuntos Tributários da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), Guilherme Martins Santos, para falar sobre o projeto de Lei Complementar (PLP) 148/19 que prevê a incidência e o creditamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas vendas multicanais.

A estratégia da multicanalidade ficou ainda mais em evidência em razão da pandemia da Covid-19, que forçou uma reinvenção dentro das empresas para acelerar a digitalização e melhorar a experiência do consumidor. “A omnicanalidade já é uma realidade que está em consolidação no país, com a integração cada vez maior entre online e o offline”, disse Lyra.

Ele pontuou que a aceleração nas vendas do varejo aumentou o nível de exigência do consumidor e evidenciou a necessidade de ampliação dos modelos de entrega de produtos, em especial no trajeto da last mile. Entre as alternativas para otimizar a última milha estão: o ship from store, na qual é utilizado o estoque da loja física para atender os pedidos online; o click & collect, em que a retirada da compra online é realizada pelo consumidor em um ponto de coleta e as dark stores, lojas que são fechadas ao público e são pontos de distribuição de compras online.

O problema, como pontuou Lyra, é que o sistema tributário não acompanhou essas opções de venda e entrega de mercadorias nas questões relacionadas ao ICMS, em especial nas operações interestaduais.

Santos, da Abcomm, destaca que há um evidente gargalo entre a formato que as pessoas querem se relacionar comercialmente e como a lei prevê essas relações comerciais. “Vivemos em um mundo digital em que se aplica uma lei analógica”, disse. Ele ressalta que a Lei Complementar (PLP) 148/19 deve atuar exatamente para destravar as várias formas de se fazer Omnichannel no Brasil. “O ponto positivo da PL é a simplicidade do texto, que traz as regras gerais aplicáveis ao ICMS em âmbito nacional”, finalizou.

Transformação Digital

A omnicanalidade também foi assunto entre o vice-presidente de operações logísticas do Mercado Livre, Leandro Bassoi, e o diretor executivo de supply chain do Grupo Pão de Açúcar, Marcelo Arantes, que também participaram do último painel do Intermodal Xperience, em conversa com o diretor de supply chain para América Latina da Cargill, João Paes de Almeida, e o presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Pedro Moreira.

Neste sentido, Bassoi ressaltou que a omnicanalidade, para ele, é o futuro da logística. “Não há outro caminho, as empresas que estão no mundo físico terão que começar a pensar em como migrar também para o digital, assim como as companhias integralmente digitais, que também precisarão avaliar como começar a atuar no mundo físico. Ou seja, todas elas deverão analisar como atender seus clientes através de um único canal integrado”.

Arantes acrescentou. “O mundo físico não irá acabar, as empresas não precisam se preocupar com isso, pois é no modo presencial que você tem a capilaridade da entrega, em que cada loja pode atuar como um centro de distribuição ou ponto de coleta de mercadorias. Isso sempre vai existir, mas como se integra isto ao digital e se potencializa os resultados com o auxílio da tecnologia é a questão. Sem esquecer do ponto mais essencial, o consumidor: atendê-lo da forma que ele deseja e precisa é o mais importante”.

Almeida, por sua vez, concordou e corroborou. “Tanto o Leandro quanto o Marcelo tocaram em dois fatores primordiais. Um é que, hoje, poucas empresas e negócios podem se dar ao luxo de ficarem apenas nos mundos digital ou físico. Atualmente, quem quiser sobreviver no mercado precisa encontrar formas de estar em ambos os canais de forma paralela. O outro ponto é a importância de entender o seu cliente e a necessidade dele, afinal, ele é e deve ser o protagonista disso tudo”.

Já o presidente da Abralog, Pedro Moreira, encerrou o debate e o evento em si, agradecendo a participação de todos. “Só tenho que agradecer a todos que ajudaram a conceber esse evento incrível e que trabalharam juntos na realização dessa experiência maravilhosa. Meu muito obrigado a toda a equipe da Informa Markets, à equipe da Abralog, às empresas e palestrantes que participaram conosco, e a todos aqueles que se fizeram presentes e nos acompanharam. Foram cerca de 4 mil pessoas nos assistindo ao longo dos três dias de Intermodal Xperience. Essa é, sem dúvida, uma plataforma que veio para ficar e que, com certeza, nos proporcionará outras experiências muito legais em breve”, concluiu.

Mais Informações: bit.ly/2ZgD8BM

 

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