Com uma economia sustentada pela agroindústria, pela indústria da transformação e pelas exportações, o Sul do Brasil é responsável por parte expressiva da produção que chega aos mercados nacional e internacional. Somente no Paraná, a safra de 2025 deve atingir 45,3 milhões de toneladas de grãos — 13,6% da produção brasileira — consolidando o estado como o segundo maior produtor do país, segundo o IBGE.
Esse crescimento reforça a necessidade de reduzir gargalos logísticos e diversificar a matriz de transportes, fortalecendo a multimodalidade, fundamental para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade.
Especialistas, representantes do setor produtivo e autoridades se reuniram nesta terça-feira (26), em Curitiba, para pensar essa questão estratégica para o país, com foco no Paraná. O evento, que faz parte da série de debates “Logística no Brasil”, irá contribuir para o aprimoramento do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, atualmente em elaboração.
“O plano não é só um instrumento técnico, mas um processo. O planejamento precisa criar um cenário de futuro claro, ambicioso e factível, com decisões estruturantes que ofereçam previsibilidade ao setor público e privado. Não entregamos um plano pronto, construímos junto com quem toma decisão e com quem será impactado por ela”, afirmou o coordenador-geral de Política de Planejamento do Ministério dos Transportes, Rodrigo Santos Ferreira.
Dos corredores logísticos estratégicos do Paraná, destacam-se a BR-277 e a BR-116, além do corredor ferroviário Paraná–Santa Catarina, que conectam áreas produtoras ao Porto de Paranaguá. Entre exportações e importações, 34,2 milhões de toneladas de carga passaram pelo porto no primeiro semestre de 2025.
“Este ano, o Porto de Paranaguá deve atingir a marca de 70 milhões de toneladas movimentadas — um crescimento de quase 50% em relação a 2018. É por meio da expansão da infraestrutura que conseguimos viabilizar não só os resultados atuais, mas também preparar o porto para os próximos anos”, disse o diretor de Operações Portuárias da Portos do Paraná, Gabriel Vieira.
Responsável por cerca de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a região Sul é destaque na exportação de soja, farelo e óleo de soja, milho e carnes. Um desempenho que exige investimentos contínuos para garantir a eficiência logística e a competitividade.
“Temos aqui três das principais fronteiras secas do Brasil, uma forte vocação portuária e uma economia dinâmica, que exige soluções logísticas integradas. Planejar, com transparência e participação, é a chave para conseguir dar realmente uma saída para os gargalos logísticos que afetam a região Sul”, detalhou o diretor de Mercado e Inovações da Infra S.A., Marcelo Vinaud Prado.
O evento “Logística no Brasil”, promovido pelo Ministério dos Transportes e pela Infra S.A., irá percorrer outras sete capitais brasileiras até o fim de 2025.
Também participaram do encontro representantes da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar) e especialistas em agronegócio.
Escuta atenta e planejamento de longo prazo
O PNL 2050 está em fase de diagnóstico, com levantamento das principais deficiências da rede de transportes e escuta ativa da sociedade civil e do setor produtivo. A iniciativa também incorpora uma visão regionalizada dos desafios logísticos, com atenção especial à redução das desigualdades e ao fortalecimento da competitividade de áreas com alta densidade de exportação.
O plano seguirá as determinações do Planejamento Integrado de Transportes (PIT), instituído pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em maio de 2024, por meio do Decreto nº 12.022. A previsão do Ministério dos Transportes é de que até o fim do ano as diretrizes entrem em vigor.