Movimentação de cargas sob trilhos a partir do Porto de Fortaleza é realizada por seis maquinistas


As vidas sob os trilhos que transportam cargas a partir do Porto de Fortaleza até a divisa com o Piauí, na cidade de Oiticica, são movidas pela paixão de viajar, de conduzir os trens e contribuir com o desenvolvimento econômico cearense. Puxando 50 vagões, cada um com capacidade de até 80 toneladas de cargas, os maquinistas Francisco Clébio Gomes da Silva, Raimundo Sérgio Enéas da Silva, Francisco Rondineli de Souza Lucio e Emanuel Geyson transportam principalmente coque e minério de ferro em um percurso de 502 quilômetros. São para esses profissionais da Ferrovia Transnordestina Logística S.A., num total de seis exclusivos que trabalham em regime de escala no porto e 43 atuando em diversas atividades na capital, que a Companhia Docas do Ceará presta uma homenagem neste 20 de outubro, Dia do Maquinista.

Dentro do Porto de Fortaleza há 1,1 quilômetro de linha férrea, por onde circula diariamente dois trens, um chegando e outro partindo, tendo como origem ou destino a capital cearense. No total, são 1,2 mil quilômetros de ferrovia operacional conectando Fortaleza, Teresina e São Luís (Porto do Itaqui). A carga horária do maquinista é de 8 horas/dia e a formação acontece dentro da própria FTL, iniciando como auxiliar de maquinista. Após dois anos de cursos de capacitação e treinamentos, além do cumprimento de uma carga horária pré-estabelecida e avaliações práticas, o profissional está apto para conduzir o trem. Hoje, há gestores e até diretores que iniciaram carreira na Transnordestina Logística como auxiliares de maquinistas e os que seguem nessa profissão já acumulam entre 3 e 25 anos de trabalho sob os trilhos.

Conforme explica o diretor de Infraestrutura e Gestão Portuária da CDC, Miguel Andrade, o transporte ferroviário possui diversas vantagens, entre elas, a capacidade dos trens de carga, frete mais competitivo e maior segurança em relação ao rodoviário. Tudo isso o torna um dos modais mais importantes do setor. A conexão entre o Porto de Fortaleza e a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) promove a movimentação de cargas com origem e destino ao porto, se constituindo como um importante diferencial competitivo e promovendo crescimento econômico para a cidade e para o estado.

Miguel Andrade lembra, ainda, que as ferrovias são essenciais para a infraestrutura do transporte de qualquer país e, devido à essa importância, não podemos imaginar um porto sem ferrovia e uma ferrovia que não esteja conectada a um porto. “E nesta data em que se comemora o Dia do Maquinista, queremos exaltar a importância desse profissional, condutor das locomotivas e suas composições e que tem um papel importante para o transporte do Brasil. Ser maquinista é ter a responsabilidade de conduzir, pelos trilhos do Brasil, nosso desenvolvimento, transportando passageiros e cargas”, finaliza.

História sob trilhos

Inspirado em seu pai, que tinha como profissão mecânico e anos depois escalante, conhecido como detalhista na época, o maquinista Raimundo Sérgio contou que adora conduzir os trens no trecho. Depois de 11 anos como auxiliar de maquinista, há quatro anos ele é um dos seis maquinistas que transportam cargas a partir do Porto de Fortaleza. “Essa é

uma profissão de grande importância para o país”, resume. Viajar pelos trilhos, mas a trabalho, é uma das paixões do maquinista Francisco Clébio Gomes da Silva, há 18 anos

nessa função. Ele contou que teve apoio da família para ser maquinista, mas que até chegar aonde está precisou se dedicar muito. “Não importa o dia e nem a hora, sempre estarei viajando, pois essa é a profissão de maquinista e precisa gostar”, ressalta.

Formado na primeira turma de auxiliar de maquinista em um curso profissionalizante em parceria com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Emanuel Gleyson já está na profissão há 21 anos. “A execução de um trabalho bem feito é fundamental e resulta em grandes oportunidades”, comenta, acrescentando que é preciso ter muita concentração e autocontrole para dirigir um trem. Novato na profissão, Francisco Rondineli de Souza Lucio também faz a linha que parte ou chega no Porto de Fortaleza há dois anos e meio. Antes, foi abastecedor e manobrador de trem aqui mesmo no porto e passou pela experiência de auxiliar de maquinista. “É um sonho realizado. Muitas vezes passei em frente da empresa e dizia para mim: um dia eu vou trabalhar aí. Hoje me sinto orgulhoso exercendo essa função com responsabilidade e sempre dando o meu máximo”, ressalta.

Saiba mais:

– Comemorado o Dia do Maquinista (Decreto nº 12.621, de 8 de maio de 2012) em 20/10

– No Brasil, a primeira ferrovia foi inaugurada em 1854 (Estrada de Ferro Mauá), com extensão de 14,5km

– 15% das cargas no país são transportadas pelo modal ferroviário, com meta do Governo Federal de chegar a 30% até 2025

– A extensão ferroviária, hoje, é de 30.485 quilômetros de extensão

– O Brasil é o 9º país no mundo com maior malha ferroviária de carga (CIA, 2014)

– O transporte de carga geral por ferrovias em 2019 estabeleceu recorde anual, com um total de 107,8 bilhões de TKU, um crescimento de 4,2% em relação ao ano anterior (ANTF)

– 40% das commodities agrícolas que chegam aos portos brasileiros passam pelas ferrovias

– O açúcar e o minério de ferro são as cargas que mais utilizam as ferrovias para seu escoamento, cerca de 50% e 92% respectivamente (ANTF, 2019).

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