Portos do Arco Amazônico registram crescimento de mais de 20% em movimentação


O excelente desempenho da safra brasileira de grãos, aliado a investimentos privados em infraestrutura portuária para escoamento ao mercado internacional, resulta em um cenário de um país que dá certo no Norte do Brasil. Naturalmente vocacionados para a integração com a logística hidroviária, os portos do Arco Amazônico – terminais localizados na região Norte do país e no estado do Maranhão – registraram um crescimento de até 25% na movimentação de cargas em 2023.

Segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), em 2022, foram embarcadas 51% de todo o grão vegetal destinado à exportação do Brasil, frente a 49% de outras localidades. Em 2023, este número ultrapassou 50 milhões de toneladas exportadas pelo Norte do Brasil, sendo que o Pará correspondeu por 50% desta fatia.

Pelos complexos portuários de Porto Velho (RO), Itacoatiara (AM), Santarém (PA), Miritituba (PA), Vila do Conde (PA), Santana (AP) e Itaqui (MA) passam basicamente soja e milho – na categoria de grãos vegetais – com destino a diferentes países do mundo. Em 2023, a soja representou cerca de 70% do volume movimentado no Arco Norte e milho, 30% do total. Estas fatias de percentuais podem mudar nos próximos meses, segundo perspectivas da Amport, com a boa safra de milho no interior do país.

Pegada ESG

Um dos motivos para o desempenho na movimentação dos terminais do Arco Amazônico, segundo o presidente da Amport, Flávio Acatauassú, é que a cadeia logística do arco amazônico tornou-se comercialmente atrativa por estar ancorada no transporte hidroviário. “No mercado internacional, os clientes estão cada vez mais preocupados com as questões ambientais e de sustentabilidade em toda a logística do transporte. Pelo fato do modal hidroviário ser mais da metade da logística interna, nos tornamos mais competitivos do que portos da região Sul e Sudeste, que usam as ferrovias e as rodovias para levarem a carga até os portos”, cita.

Segundo Flávio, “enquanto tivermos água em abundância e condições geográficas que nos permitem ter uma logística sustentável como a nossa, a tendência é só crescer”, citou.

Potencial do Pará

A Amport reúne 13 empresas de granéis vegetais, minerais e líquidos, que operam na região amazônica. O Pará lidera a exportação pelos portos do Arco Amazônico em virtude do seu complexo portuário de Barcarena, município da Região Metropolitana de Belém, responsável pelas maiores áreas de navegação, além de possuir grandes extensões dos rios para a logística interna.

Dentro do crescimento dos portos da região Norte, o Pará é quem mais alavanca o arco amazônico com a movimentação de granéis vegetais. A cidade de Barcarena tem uma localização estratégica com as maiores áreas de fundeio e as maiores larguras e profundidade dos rios para a movimentação portuária. “Nossas águas são fundamentais. Não precisamos e nem devemos pensar em rodovias se temos os nossos rios como via de transporte”, explica Flávio.

Até 10 anos atrás, terminais portuários de cidades como Itaituba, Santarém e Barcarena (PA) e Porto Velho (RO) eram tratados como “experiências” logísticas pela maior parte dos produtores de Mato Grosso, dada a precariedade ou mesmo a inexistência da infraestrutura de acesso aos terminais. Hoje, esses endereços se consolidaram como alternativa aos terminais de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

Informações da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apontam que, em 2010, a movimentação nos portos do Arco Norte respondia por apenas 23% da produção nacional de soja e milho. Em 2015, essa participação já tinha saltado para 31%, até atingir 50% no ano passado, sendo a maior parte dos grãos exportada para a Ásia.

Redução nos valores

As empresas de logística respondem por boa parte dos investimentos nesta região. É o que mostram os dados medidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura. Hoje, o produtor que embarca a sua carga em um caminhão em Sorriso (MT), por exemplo, e despacha para o porto de Santos, tem de fazer uma viagem de 2.171 km de extensão e pagar R$ 300 por tonelada de grão transportada. Ele pode até dividir esse percurso com o uso de uma ferrovia, a partir de Rondonópolis (MT), mas não verá o preço de seu frete mudar quase nada.

Se este mesmo produtor de Sorriso escolhe como destino o terminal portuário erguido em Miritituba, no município de Itaituba, no Pará, verá a sua distância encolher para 1.017 km até chegar à hidrovia do Tapajós, com um preço de R$ 160 por tonelada. A partir de Miritituba, a produção entra em barcaças e, pela hidrovia, ao porto de Vila do Conde (PA) para, então, ser exportada.

 

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