Varejo e indústria ajudam a diminuir queda do PIB em 2020


A nova edição do Boletim Macrofiscal, da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME), apresentada no último dia 17 de novembro, destaca que a projeção oficial do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020 continua apresentando relativa melhora, saindo de uma retração de 4,7% para 4,5% em termos reais. Este resultado positivo se deve, sobretudo, pela forte reação de setores econômicos, como comércio varejista e indústria, no 3º trimestre deste ano.

As projeções estimadas na Grade de Parâmetros Macroeconômicos da SPE mantiveram crescimento real do PIB em 3,2% para 2021 e de 2,5% para os três anos seguintes, até 2024. A análise destes dados foi apresentada novamente nesta terça-feira (24/11), durante coletiva virtual da Arrecadação das Receitas Federais de outubro de 2020, pelo coordenador-geral de Modelos e Projeções Econômico-Fiscais da SPE, Sérgio Ricardo de Brito Gadelha.

“No início da pandemia, as vendas do varejo e a produção industrial contraíram levando à queda de estoque, deflação e queda do PIB. Após os fortes estímulos econômicos e flexibilização das medidas de distanciamento social, são observados recordes de venda no varejo. A indústria vem retomando o ritmo de crescimento e indica forte expansão do PIB no terceiro trimestre”, aponta Gadelha.

Os empresários da indústria continuam confiantes, e com esse otimismo em patamares elevados, espera-se que a indústria deva seguir em ritmo de retomada econômica, com crescentes níveis de investimento e emprego.

De acordo com o coordenador-geral, a melhora na projeção oficial do PIB elaborada pela SPE reflete os resultados positivos dos principais indicadores mensais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), que estima safra recorde para 2020 em relação a 2019; Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que mostra aceleração do setor para o fim do ano; Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que indica expansão na produção;  Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), que tem avançado, reforçando as estimativas de expansão do PIB no 3º trimestre.

Assim, os resultados apresentados acerca da retomada do nível de atividade econômica, acompanhados da flexibilização das medidas de distanciamento social, não apenas contribuem para a expansão do PIB no terceiro trimestre, como também impactarão positivamente a arrecadação bruta dos tributos federais administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil.

Outros indicadores

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a melhora no desempenho das atividades econômicas mostra um nível ascendente de confiança dos empresários, que segue puxado pelos setores da Indústria, Comércio, Construção Civil e Serviços. Já em relação aos consumidores, o nível de confiança também é crescente, porém, mais cauteloso.

Em relação ao emprego, a divulgação mais recente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) demostra retomada do emprego formal, com mais de 300 mil novas contratações.

Alta frequência

Os dados de alta frequência também sinalizam e consolidam o crescimento econômico, impactando na melhora do PIB neste ano.

A mediana das expectativas Focus para o crescimento real do PIB indica que as previsões de analistas de mercado continuam convergindo para a previsão feita pela SPE.

O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) aponta para melhora do comércio e serviços na passagem de outubro para novembro. Os bens duráveis apresentaram forte recuperação, puxada pelos setores de Materiais de Construção, Móveis, Eletrodomésticos e Lojas de Departamento. Quanto aos bens não duráveis, o principal destaque é o setor de Supermercados e Hipermercados. Já o grupo de serviços, maior impactado pela pandemia, apresenta recuperação nos últimos meses, embora ainda em um patamar abaixo do período pré-crise.

“Todos esses indicadores pavimentam uma forte recuperação da economia neste último quadrimestre do ano”, enfatiza Sérgio Gadelha.

Prisma fiscal

A arrecadação das receitas federais em outubro em reais superou novamente as expectativas dos agentes de mercado, reforçando a tendência dos últimos meses.

Em outubro último, a arrecadação ficou em R$ 153.938 milhões, enquanto as estimativas feitas pelo mercado (Prisma Fiscal) apontavam uma arrecadação federal de R$ 135.770 milhões – erro de 13,4%.

“Projeções de mercado sobre a arrecadação federal continuam a indicar expectativas de retomada da atividade econômica que tem se verificado (ainda mais fortemente do que esperado pelo mercado) na arrecadação”, aponta o coordenador-geral da SPE. E conclui: “Ainda se espera elevados erros de previsão devido à dificuldade de se fazer projeções em meio a uma pandemia”.

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