Artigo: Você ouviu falar dos agentes de carga digitais?


por Guilherme Luz

Faz mais de um ano que escutei essa pergunta pela primeira vez e, desde então, tal questionamento está sempre presente nos encontros de profissionais deste segmento. Na primeira vez que o termo surgiu para mim, confesso que não dei a atenção devida para esse que seria um dos temores dos agentes de carga tradicionais e a esperança daqueles que acreditam que o mercado precisa se reinventar.

A intenção dos agentes digitais é clara: oferecer ao cliente uma plataforma de cotações com valores transparentes e em tempo real, com possibilidade de fechamento de booking num formato self-service e acompanhamento do processo de ponta a ponta, por meio de um painel de controle do cliente. Bastante óbvio, não?

Afinal, porque tantas pessoas precisam ser envolvidas num processo de transporte de uma mercadoria do ponto A ao ponto B? Se analisarmos, quantos modelos similares de transporte de mercadorias funcionam de forma automatizada?

Defensores do modelo tradicional, porém, dirão que não funciona bem assim, presos em paradigmas como: “a venda deve ser feita por relacionamento”, “o cliente gosta de receber cotação por e-mail” e o pior de todos, “sempre foi feito assim”.

Em visita à Transport Logistics, em Munique, no início deste ano, ficou claro que o mercado tem mudado e que a corrida pela inovação no segmento logístico está a todo vapor. A feira contava com um pavilhão inteiro dedicado para a Inovação e Tecnologia e empresas se destacavam com seus produtos, como Freight.hub, Flexport e Twill, sendo esse último o produto queridinho da gigante Maersk.

 Quando tropicalizamos o conceito e tentamos ver em que pé anda o agente de carga digital no Brasil, o movimento não entusiasma tanto. Pode-se dizer que algumas empresas por aqui estão iniciando o movimento de cotação on-line (que na maioria das vezes é feito manualmente pelo pricing) e também a utilização de um painel de controle oferecido ao cliente para acompanhar embarques (que raramente é utilizado pelo cliente, principalmente por ter uma experiência ruim).

Na minha visão, é necessário que as empresas que agenciam o transporte internacional parem e busquem uma forma de inovar seus processos, pois os agentes de carga digitais vão chegar em breve e ditarão as regras do mercado, agradando principalmente a nova geração de compradores que está por vir.

* Guilherme Luz é diretor do Twig Logistics Network e da LoGo – Logistics Marketing, além de professor de Vendas e Inovação

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