Balança comercial de agosto registra o maior superávit para o mês desde 1989


Refletindo uma queda expressiva nas importações, um dos reflexos da crise desencadeada pela pandemia, a balança comercial de agosto registrou o maior superávit para o mês desde 1989, o início da série histórica.

O saldo de US$ 6,6 bilhões foi anunciado nesta terça-feira pelo Ministério da Economia.

O resultado da balança comercial é o saldo entre a exportação de US$ 17,7 bilhões e a importação de US$ 11,1 bilhões em agosto.

Na comparação da média diária (total dividido pelo número de dias do mês) com agosto de 2019, a queda nas exportações foi de 5,5%, enquanto as importações caíram 25,1%.

Assim como nos meses anteriores, o número mostra os efeitos da pandemia no comércio global, que diminuiu as importações brasileiras devido a redução na atividade econômica, e do preço mais alto do dólar, que tornou os produtos brasileiros mais baratos e atraentes no exterior, segurando o nível de exportações.

Com uma queda das importações acentuada, o superávit tende a ser maior, embora a corrente de comércio, que soma as exportações e importações, tenha apresentado queda de 14,2%. O resultado demonstra o impacto da pandemia na desaceleração do comércio mundial.

O setor agropecuário, no entanto, aumentou a exportação em 14,6% e compensou a queda expressiva nas exportações da indústria extrativa e de transformação, que registraram reduções de 15,4% e 7,7%, respectivamente.

O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, explica que o comércio mundial já vinha em desaceleração mesmo antes da pandemia:

— A pandemia acentuou a guerra comercial, esses movimentos que fizeram com que toda a economia mundial se desacelerasse, afetando a exportação, diminuindo os preços dos bens exportados. Ao mesmo tempo, o Brasil também está inserido neste momento, com desaceleração da economia interna. Isso fez com que a demanda por bens importados caíssem.

Do lado das importações, as indústrias extrativa e a de transformação novamente puxaram os números para baixo, com queda de 59,5% na primeira e 23,8% na segunda, em comparação com agosto de 2019.

Essa queda expressiva reflete a redução da atividade econômica no país, que diminuiu a produção da indústria e fez com que as importações de matérias-primas, por exemplo, caíssem. A agropecuária, no entanto, registrou uma variação para baixo de apenas 0,8%.

No acumulado do ano, o saldo é de US$ 36,6 bilhões, um aumento de 14,4% em comparação com os US$ 32,2 bilhões no ano passado. Assim como foi em agosto, esse saldo positivo veio com a queda de 6,6% nas exportações e de 12,3% nas importações.

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As exportações do Brasil para o continente asiático, principalmente para a China, seguem acima do registrado no ano passado. Para os chineses, as vendas subiram 13,2%, ou US$ 34,5 milhões na média diária.

O aumento também é significativo para países em que a troca é menor como Indonésia, com aumento de 161,4% (US$ 6,6 milhões na média diaria), e Tailândia, com crescimento de 68,6% (US$ 4,9 milhões na média diária).

Brandão explica que Brasil e China tem suas complementariedades que precisam ser exploradas, principalmente nos bens agrícolas.

— A China é a principal parceira de países como a Alemanha, por exemplo. São complementaridades que devem ser exploradas, claro que o Brasil deseja ampliar o comércio para outros destinos também, o que passa muito por ter insumos acessíveis e mais competitividade. Isso tem sido feito.

Fonte: O Globo Online

 

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