Congresso discute projetos portuários e apresenta novidades do setor nos Estados Unidos


Colômbia e Brasil sediarão as duas próximas edições do evento AAPA em 2020 e 2021, respectivamente

A cidade de Cartagena, na Colômbia, foi escolhida para sediar, em 2020, o Latin American Congress of Ports, congresso realizado pela American Association of Port Authorities (AAPA), aliança de portos do Canadá, Caribe, América Latina e Estados Unidos. Em 2021, o congresso será realizado em Santos, no litoral paulista. As cidades sede dos próximos congressos foram definidas durante a 28ª edição do evento, realizada em Miami (EUA), de 19 a 21 de novembro.

Com isso, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) ingressou em eventos de significativa expressão internacional e estreitou vínculo com instituições no cenário mundial, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a International Association of Ports and Harbours (IAPH). Esta foi uma das edições da AAPA com maior participação de executivos e palestrantes brasileiros.

O congresso AAPA nos Estados Unidos reuniu mais de 400 participantes de 35 países, considerados os “pesos pesados” do setor de portos marítimos, durante três dias. No período, eles compartilharam uma intensa agenda acadêmica e de negócios. No principal fórum portuário da América Latina, eles debateram projetos portuários em desenvolvimento na região e apresentaram novidades do negócio de logística e expedição.

O Porto de Miami, um dos principais dos Estados Unidos, foi uma espécie de vitrine do evento, que incluiu um tour técnico pelas instalações do complexo portuário. Concentrada no Intercontinental Hotel Miami, com vista para a Baía de Biscayne e para os terminais de cruzeiros de PortMiami, a agenda também incluiu reunião de lideranças da AAPA na América Latina e um programa de negócios com apresentações de executivos e diretores experientes de autoridades portuárias e empresas do setor marítimo.

Novas perspectivas

Ricardo Sánchez, do Divisão de Comércio, Integração e Infraestrutura da Cepal, Kathy Metcalf, presidente e CEO da Câmara de Navegação da América, e Joshua Hurwitz, consultor sênior da Moffatt & Nichol, por exemplo, analisaram o novo ambiente econômico global e as perspectivas que aguardam o transporte marítimo e os portos. O painel teve moderação de Christopher Connor, presidente da AAPA.

Já o brasileiro Sérgio Aquino, presidente da Federação Nacional das Operações Portuária (Fenop) fez uma exposição sobre “O Modelo Portuário Brasileiro: desafios e oportunidades”. Ele explicou a estrutura da Federação, a estrutura dos portos, o funcionamento do sistema portuário brasileiro e mostrou números importantes e estratégicos do setor. Aquino valorizou os dois modelos portuários do Brasil: portos de propriedade pública e portos de propriedade privada e defendeu a necessidade de revisão na legislação brasileira para recuperar a atratividade de investimentos nos terminais portuários de propriedade pública.

Ele também apresentou os números dos empreendimentos brasileiros: são 306 terminais portuários, sendo 184 arrendados, 38 portos de propriedade pública e 122 terminais de propriedade privada, os TUPs. Entre os 38 portos de propriedade pública, 18 são administrados pelo governo federal, 17 administrados pelos governos estaduais e três administrados por governos municipais. “Nós precisamos recuperar no Brasil os portos de propriedade pública com o modelo de Landlord e também acompanharmos os estudos do governo para a privatização das administrações ou concessões de portos, como são sinalizados para os portos de Vitória e Santos. Precisamos ter instrumentos que garantam que não haja mais influência política-partidária na nomeação dos diretores de administrações portuárias e a Fenop tem propostas nesse sentido”, avaliou.

Outro assunto bastante debatido durante o congresso foram as mudanças climáticas e suas consequências na operação naval e portuária, a exemplo de como lidar com os custos e benefícios da sustentabilidade e fazer de acordo com os padrões da Organização Marítima Internacional (IMO). O congresso também forneceu conhecimento técnico sobre a implementação de políticas de transporte e portos, além de oportunidades de networking e negócios.

Brasil

No congresso, a Codesp participou de um estande com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina. No local, foram realizadas reuniões, uma delas com o diretor internacional do Porto de Roterdã (Holanda), Rene van der Plas, nas quais foram dadas informações sobre o processo de desestatização da autoridade portuária santista.

O Brasil participou de painéis sobre projetos portuários na América Latina, portos de larga escala e de mesa redonda com armadores e terminais portuários. O coordenador geral de Modelagem de Arrendamentos Portuários da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), Disney Barroca Neto, foi eleito segundo vice-presidente da Delegação Latino-americana da AAPA. ν

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