Porto de Itajaí recebe autorização para lançar novo edital transitório para operação de contêineres


A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) autorizou o Porto de Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, a lançar um edital para operações de contêineres com um prazo maior. Desta vez, a empresa poderá atuar no terminal por 24 meses, em vez de seis, como era no documento anterior.

O Porto de Itajaí está há seis meses sem movimentações de contêineres. Segundo a Superintendência do local, isso impactou 97% de todas as operações do terminal. Itajaí ocupa o 28º lugar no ranking nacional do Produto Interno Bruto (PIB) e é a segunda maior economia de Santa Catarina.

A autorização para o edital foi publicada no Diário Oficial da União de quinta-feira (29). A Superintendência do Porto de Itajaí informou que o novo documento deve ficar pronto até 15 de julho.

Os envelopes serão abertos uma semana depois do recebimento das propostas das empresas. A ideia é que a operação dos contêineres seja retomada no início de agosto. Durante o mês de julho, as atividades ficarão paradas, conforme a Superintendência.

Os editais de seis e 24 meses são transitórios. No segundo semestre, deve ser lançado o documento definitivo, elaborado pelo governo federal, que deve prever a operação dos contêineres por 30 a 35 anos, informou a Superintendência.

No edital de seis meses, nenhuma empresa apresentou proposta.

A Superintendência do Porto de Itajaí esclareceu que operações que não dependem de contêineres seguem funcionando. Elas abrangem cargas como celulose, veículos importados, açúcar e bobinas de ferro e aço.

Impacto na cidade

A falta de movimentação de contêineres no Porto de Itajaí impactou a economia da cidade. Ela influencia na renda dos trabalhadores avulsos do terminal. Eles recebem por escala.

“Hoje nós estamos com 350 trabalhadores prontos pra trabalhar e parados sem qualquer renda para eles desenvolverem a renda familiar deles”, afirmou o gerente de Execução do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), Daniel Orlando da Cruz.

Segundo o órgão, os trabalhadores foram chamados 11 mil vezes este ano, um movimento de R$ 518 mil. No mesmo período do ano passado, foram mais de R$ 3 milhões. Uma redução que chega a 84%.

“Tem toda uma cadeia que corre por trás disso. Então direta e indiretamente chega a quase 20 mil pessoas envolvidas direto no porto que dependem da renda. São caminhoneiros, oficina, posto de gasolina, tudo isso impacta na economia”, continuou Cruz.

Além dos trabalhadores avulsos, que recebem por escala, a baixa movimentação de contêineres desde o início do ano também impacta na arrecadação de impostos na cidade. O município estima um prejuízo de R$ 15 milhões mensais.

O secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins, afirmou que os navios que deixaram de ir a Itajaí procuraram outros portos no estado.

“Nós consultamos a empresa que operava no Porto de Itajaí e as informações que tivemos é de que das seis linhas que lá operavam, todas se deslocaram para portos catarinenses. Ou foram para Portonave, em Navegantes, ou para o Porto de Itapoá“, declarou.

O impacto da falta de movimentação de contêineres afeta vários setores porque o sistema tem um alto valor agregado, explicou o pesquisador e professor dos cursos de gestão portuária e comércio exterior da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Wagner Coelho.

“A gente tem impactos com certeza para a própria indústria de proteína animal. A gente vai ter impactos indiretos que são difíceis de mensurar sobre os diversos prestadores que, mesmo com a operação em Navegantes, você tem inúmeros despachantes aduaneiros, agências de carga, contadores, que têm uma atuação vinculada direto a essa operação”, disse o pesquisador.

Foto: Luiz Souza / NSC TV

Fonte: G1 SC

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