Sustentabilidade na produção das carnes brasileiras é destaque na Anuga 2023


Discussões sobre sustentabilidade, rastreabilidade e preservação ambiental deram o tom da participação brasileira na maior feira de alimentos e bebidas do mundo, a Anuga, que aconteceu em Colônia, na Alemanha, entre 7 e 11 de outubro. Entre outras autoridades, participaram desses diálogos Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, e Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que liderou a participação de mais de 250 empresas brasileiras no evento.

Além deles, participaram das discussões representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), parceira da ApexBrasil na execução do projeto setorial Brazilian Beef; e da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que executa os projetos Brazilian ChickenBrazilian PorkBrazilian DuckBrazilian Breeders e Brazilian Egg, também em parceria com a Agência. Junto da ApexBrasil, a ABIEC e a APBA coordenaram a participação de mais de 40 empresas e tradings brasileiras de carnes bovinas, suínas e de aves.

Em evento de lançamento da segunda fase da campanha Good Food – Sustainable Protein, da ABPA em parceria com a ApexBrasil, Jorge Viana destacou a necessidade de uma narrativa unificada sobre as práticas sustentáveis na produção das carnes brasileiras. O presidente da Agência também chamou a atenção para uma campanha recente da própria ApexBrasil, que ressalta, entre outros ativos, a alta capacidade produtiva brasileira, o uso de matrizes energéticas limpas e a inovação nos processos produtivos brasileiros. “É do Brasil, é sustentável e é para o mundo todo”, resumiu Viana, em referência a um dos lemas da campanha da Apex.

Também presente no evento, realizado no Pavilhão da ABPA na Anuga, o ministro Carlos Fávaro lembrou que em apenas meio século o Brasil passou de importador a exportador de alimentos, contribuindo fortemente para a segurança alimentar mundial: “Nestes 50 anos, promovemos tecnologia com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente”, reforçou. Para o titular do MAPA, esse é um desafio coletivo que demanda, inclusive, uma mudança de retórica, para reafirmar que o país produz com respeito ambiental. “Campanhas como essa  que visam esclarecer, trazer a verdade, chamar nossos compradores e nossos parceiros para visitar o Brasil e conhecer a realidade da nossa produção, é a determinação que recebemos do presidente Lula”, reforçou Fávaro.

Na ocasião, o presidente da ABPA, Ricardo Santín, destacou a importância de exibir o vídeo da campanha em um evento como a Anuga, onde estão os principais compradores da Europa e do mundo. “Temos o outro lado da história, de pessoas estão produzindo com amor, pra ajudar a combater a fome no mundo”, realçou. Santín citou ainda atributos que diferenciam a sustentabilidade nas cadeias produtivas da avicultura e da suinocultura do Brasil, como reflorestamento, uso de biodigestor e energia solar e tratamento apropriado de água e dejetos.

Cadeia produtiva do gado

Também durante a Anuga, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) promoveu um encontro com importadores europeus, muitos deles representando tradings do setor. Na pauta, as práticas de sustentabilidade no segmento da carne bovina brasileira e as normativas europeias antidesmatamento para a importação de produtos agrícolas, inclusive aqueles vindos do agronegócio brasileiro. O encontro foi conduzido pelo diretor de Sustentabilidade da ABIEC, Fernando Sampaio, e contou com a participação do gerente de Agronegócio da ApexBrasil, Laudemir Muller, entre outros participantes. “Estamos totalmente comprometidos com a  agenda da sustentabilidade e a Anuga é um espaço privilegiado para mostrarmos isso aos nossos principais compradores mundiais. Estamos destacando a produção sustentável do Brasil e ouvindo nossos parceiros sobre as exigências dos consumidores”, sublinhou Muller.

Durante a apresentação, Sampaio lembrou que somos o segundo maior produtor e o maior exportador de carne bovina no mundo, atendendo a mais de 150 mercados. Essa posição é resultado, entre outros fatores, da disponibilidade de terras, das condições climáticas e ambientais favoráveis e do investimento em pesquisa e tecnologia, inclusive para atender aos altos padrões sanitários dos diferentes mercados. Combinados, esses elementos têm contribuído para aumentar a produtividade da pecuária brasileira nas últimas décadas, garantindo uma maior produção em uma mesma área. O ambiente normativo e regulatório do Brasil, conhecido por ser um dos mais rigorosos do mundo, também é um incentivo a práticas sustentáveis no campo, a exemplo do Código Florestal e dos Planos para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) e na Amazônia Legal (PPCDAM).

Sampaio mencionou, ainda, que o setor está atento ao desafio da rastreabilidade da carne bovina brasileira, de forma a atender plenamente as exigências do código europeu antidesmatamento. Atualmente, nem todas as etapas da cadeia produtiva do gado são rastreáveis, embora o país já esteja avançando a passos largos nesse sentido – um exemplo é o Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro público eletrônico coordenado pelo MAPA que integra bases de dados ambientais e das propriedades rurais para controlar, monitorar e prevenir o desmatamento. Em diálogo com autoridades do governo brasileiro e da própria Comissão Europeia, a ABIEC e outros atores do segmento têm buscado adequar o prazo de implementação da rastreabilidade plena às exigências europeias para a importação da carne brasileira.

Sobre a Anuga

Realizada a cada dois anos, alternando-se com a SIAL Paris, a Anuga é considerada a maior feira de alimentos e bebidas da Europa e do mundo. Além de apresentar as principais tendências de mercado no setor de alimentos e bebidas, o evento mobiliza tomadores de decisão, formadores de opinião e mídia especializada. A participação brasileira na Anuga é, assim, uma oportunidade de fortalecer a imagem do país como um dos principais players do setor de alimentos e bebidas mundial.

A última edição da feira, realizada em 2021, reuniu 4,6 mil expositores de 98 países. A delegação brasileira à Anuga, em especial, contou com a participação de 61 empresas, ainda sob os efeitos da pandemia, e a estimativa de negócios realizados supera US$ 830 milhões. Na ocasião, a feira recebeu mais de 70 mil visitantes de 169 países, contando também com uma edição virtual.

Sobre a ABPA

A ABPA é a representação político-institucional da avicultura e da suinocultura do Brasil. Congrega mais de 140 empresas e entidades dos vários elos da avicultura e da suinocultura do Brasil, responsáveis por uma pauta exportadora superior a US$ 8 bilhões. Sob a tutela da ABPA está a gestão, em parceria com a ApexBrasil, das cinco marcas setoriais das exportações brasileiras de aves, ovos e suínos: Brazilian ChickenBrazilian EggBrazilian BreedersBrazilian Duck e Brazilian Pork. Por meio de suas marcas setoriais, a ABPA promove ações especiais em mercados-alvo e divulga os diferenciais dos produtos avícolas e suinícolas do Brasil – como a qualidade, o status sanitário e a sustentabilidade da produção – e fomenta novos negócios para a cadeia exportadora de ovos, de material genético, de carne de frangos e de suínos.

Sobre a ABIEC

Criada em 1979, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) reúne 39 empresas do setor no país, responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais. Sua criação foi uma resposta à necessidade de uma atuação mais ativa no segmento de exportação de carne bovina no Brasil, por meio da defesa dos interesses do setor, ampliação dos esforços para redução de barreiras comerciais e promoção dos produtos nacionais. Atualmente, o Brasil produz em torno de 10 milhões de toneladas de carne bovina, sendo que aproximadamente 28,5% são negociados para dezenas de países seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade. Na última década, o país registrou crescimento de 94% no valor de suas exportações.

Por sua vez, o projeto setorial Brazilian Beef, uma parceria entre ApexBrasil e ABIEC iniciada em 2001, tem o objetivo de fortalecer a imagem da carne bovina brasileira, melhorando a percepção de sua qualidade nos países importadores e ampliando, assim, a participação brasileira no mercado mundial de carnes. Em 18 anos, já foram firmados nove projetos, com investimentos de mais de R$ 60 milhões e crescimento das exportações em mais de 500%.

 

Anterior Com Porto Livre de Hainan, China impulsiona abertura econômica de alta qualidade
Próximo ILOGG traz case da gigante PetCamp para o Workshop de Logística, Soluções e Tendências