Tendências e desafios em logística para comércio exterior


Estamos fechando o primeiro trimestre de 2024 em um ritmo positivamente acelerado, com muitas novidades e tendências se consolidando no horizonte de quem trabalha com logística voltada para o comércio exterior. E, claro, muitos desafios. Depois de marcar presença em importantes eventos nacionais nestes primeiros meses, como a Intermodal, e também internacionais, como a WCA Conference, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, separamos alguns insights para ajudar no planejamento estratégico dos próximos meses.

Os impactos da crise no Mar Vermelho ainda afetam o mercado de navegação global. O conflito tem afetado o trânsito pelo Canal de Suez, uma das principais rotas de navegação do comércio mundial. Em termos práticos, isso traz impactos nas rotas dos navios que passaram a desviar pelo Cabo da Boa Esperança, aumentando o tempo das viagens e os custos operacionais das companhias marítimas ao navegar por rotas mais longas refletindo em valores de frete mais altos. A confiabilidade das programações dos navios tem se deteriorado cada vez mais desde o início do conflito, porém deve-se estabilizar ao longo dos próximos meses.

Lucas Vogt Schommer

Em função da crise, grande parte do excesso da capacidade dos armadores será absorvida, pois as companhias precisam colocar mais navios em rota, para compensar o aumento do tempo de trânsito das viagens. Mesmo que o conflito fosse encerrado e solucionado hoje, uma reversão de rotas para o Canal de Suez pode levar até seis meses para acontecer, em função de todo o ciclo logístico agora já restabelecido.

No cenário de médio e longo prazo, vemos como tendências cada vez mais fortes a evolução da tecnologia, principalmente com o uso da inteligência de dados para tomada de decisões estratégicas, e os investimentos expressivos em práticas mais sustentáveis. Aplicado no setor de logística, o conceito de business intelligence, ou inteligência de dados, representa grandes oportunidades na automação e no uso de informações de forma estratégica, promovendo mais agilidade, segurança e sustentabilidade aos processos.

Nos próximos anos, a expectativa é por algoritmos mais sofisticados, capazes de processar grandes quantidades de dados para previsões mais precisas. O objetivo é que essas informações contribuam para otimização de rotas e redução de custos, tornando as operações da cadeia de abastecimento mais eficientes e rentáveis. A sinergia das inovações tecnológicas está catapultando o comércio exterior para uma nova era digital, onde a eficiência e a inovação não são apenas desejáveis, mas essenciais.

Na área de sustentabilidade, as evidências das mudanças climáticas que o mundo assistiu ao longo dos últimos anos fortalecem a urgência de ações de ESG (Environmental, Social and Governance, ou Meio ambiente, Social e Governança, na tradução). No setor de logística, ganham destaque práticas como o uso de veículos elétricos, embalagens ecológicas e estratégias de roteirização cada vez mais eficientes, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa ao longo do processo. A busca por certificações ecológicas e parcerias com fornecedores comprometidos com a responsabilidade ambiental também ganharão destaque.

O comércio exterior é um setor dinâmico e influenciado por muitas frentes. A atuação no setor exige experiência, dinamismo e muita dedicação. Só assim superamos os desafios nacionais e internacionais e continuamos fazendo diferença positiva na economia.

* Lucas Vogt Schommer é co-CEO e co-fundador do Grupo 3S Corp Soluções Internacionais. Está à frente da expansão da 3S, que começou há 12 anos como Comissária de Despacho e hoje é uma holding de soluções em comércio exterior, com escritório e centro logístico em Itajaí. Lucas é formado em comércio exterior e pós-graduado pela FGV em gestão comercial. Especialista em tributação para importação, tem sua carreira fundamentada em negócios internacionais.

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