Demanda por espaços logísticos é alta no Sul do Brasil


A alta demanda por espaços logísticos no Sul do Brasil dá sinais de que o mercado está mais aquecido do que nunca. Em Santa Catarina, especialmente. Pelo menos é o que mostra um levantamento da empresa de pesquisas e consultoria imobiliária Siila (Sistema de Informação Imobiliária Latino-Americana) do Texas, EUA, com filiais no Brasil e no México. O estudo levantou dados sobre condomínios logísticos em diferentes regiões do país e mostra que o mercado da Região Sul está se mostrando muito importante para o setor, tanto para distribuição pelos portos, quanto para a retomada do crescimento econômico e expansão do e-commerce.

O estoque de condomínios logísticos em Santa Catarina está praticamente 100% consumido. Hoje, se uma empresa quiser se instalar em um espaço de 30 mil metros quadrados não vai achar porque a taxa de vacância está próxima de 6%. Grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro têm taxa de vacância que ultrapassa 20%. O preço por metro quadrado para locação é semelhante no país, R$ 17 a R$ 18.

Segundo o CEO da Siila, Giancarlo Nicastro, o aquecimento do mercado logístico no Brasil é relativamente recente. Começou há exatos 10 anos, entre 2008 e 2009. “O país tem consumo e sempre que o consumo interno aumenta, cresce também este mercado”, observa. Para que o mercado de determinada região seja considerado equilibrado, a taxa de vacância de um condomínio logístico deve estar entre 10% e 14%. 

Hoje, Santa Catarina tem taxa de 6% e o Rio Grande do Sul, 4,9%, mas considerando que o primeiro tem quase o dobro de área construída do que o segundo: SC possui 528 mil metros quadrados, enquanto o Rio Grande do Sul apenas 275 mil metros quadrados. Se considerarmos apenas a região de Itajaí, onde está o maior complexo portuário do estado, a taxa de vacância é de apenas 2,52%, segundo o levantamento da Siila.

Dados como este, segundo Giancarlo Nicastro, ajudam a balizar investimentos do setor em diferentes regiões do país quando se trata de novos condomínios logísticos. O que existe hoje é uma tendência a sair do eixo Rio-São Paulo quando se trata de logística. “O que a gente sempre indica é olhar a demanda do lugar. São Paulo tem uma demanda grande, mas também há muita oferta”. O estudo reforça, portanto, a necessidade por novos espaços logísticos no Sul, em especial Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Investimentos

A alta demanda por espaços e serviços logísticos tem gerado novos investimentos no setor em Santa Catarina. Um dos mais recentes foi um reforço no sistema retroportuário de armazenagem de cargas com o novo CLIA (Centro Logístico e Industrial Aduaneiro) inaugurado pela Forte Logística em Itajaí (SC), região que detém um dos principais complexos portuários do país (Itajaí e Navegantes). Trata-se de espaços alfandegados onde se realizam os procedimentos de desembaraço aduaneiro na importação e exportação de mercadorias em zona secundária, como uma extensão do porto ou aeroporto. O empreendimento conta com uma estrutura de 110 mil metros quadrados de área total e 52 mil posições paletes.

O reflexo do mercado automotivo também tem gerado crescimento no setor logístico. A marca alemã BMW começou este ano a produzir na planta de Araquari (SC) o modelo BMW X3, ao lado dos já nacionalizados Série 3, X1 e X4. A Multilog, por exemplo, um dos maiores operadores logísticos do Brasil, mantém uma planta operacional no mesmo município para dar o suporte às importações da empresa. No segmento há mais de 20 anos, é especialista em atender montadoras nacionais e internacionais nas unidades do Sudeste e Sul do Brasil e personalizar projetos no setor.

Empregos

Santa Catarina é também polo de geração de empregos em logística. De gerentes de operações a motoristas de caminhões, operadores de guindastes a supervisores de depósitos, o número de vagas no setor está crescendo a um número sem precedentes – quase o dobro do número de candidatos qualificados para preencher os cargos.

De acordo com uma pesquisa recente do Indeed, site número 1 de empregos no mundo, a necessidade de talentos no setor de logística do Brasil apresenta uma alta significativa, com o número de anúncios crescendo 25% no último ano, enquanto o número de pessoas interessadas nas vagas de emprego cresceu apenas 14% no mesmo período.

Com o número de vagas disponíveis crescendo constantemente, pela primeira vez desde janeiro de 2016 quando o Indeed começou a acompanhar o setor no Brasil, o número de vagas está próximo a exceder o número de pessoas qualificadas para preenchê-las que pesquisam no site. “O setor de logística, sem dúvida, se recuperou da crise econômica, mas o que estamos vendo agora é que em breve podemos ver uma falta de talentos suficientes para a alta demanda do setor”, disse Felipe Calbucci, Country Manager do Indeed no Brasil.

Há mais de um ano, para cada 100 candidatos a emprego no setor de logística, havia apenas 84 vagas. Em junho de 2018, esse número subiu para 99 vagas por 100 pessoas pesquisando. São Paulo é de longe a cidade com mais empregos (12% de todos os anúncios na área) e com a maioria dos candidatos (13% de todos os cliques). O estado de Santa Catarina, que concentra importantes portos e aeroportos, aparece bem colocado, com Joinville e Florianópolis na sétima e na décima posição, respectivamente. ν

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