Novas tecnologias transformam cadeia de suprimentos no Brasil


Inovações que envolvem a logística mundial dominaram o cenário de debates do XXV Fórum Internacional de Supply Chain & Expo Logística

Tecnologias disruptivas estão transformando o futuro da logística mundial. Inovações que envolvem a cadeia de suprimentos dominaram o cenário de debates do XXV Fórum Internacional de Supply Chain & Expo Logística, realizado pelo  Instituto de Logística e. Supply Chain (Ilos), e que reuniu quase 800 profissionais da área em São Paulo (SP). O evento trouxe palestras, painéis e cases de soluções que têm inovado quando o assunto é gestão logística de produtos.

 A expansão das cidades, o crescimento do comércio online e o aumento da exigência do consumidor por disponibilidade, rapidez de entrega e integração entre físico e online têm pressionado a logística das empresas a buscarem novas soluções. Na abertura do evento, Maria Fernanda Hiijar, sócia do Ilos, falou sobre os desafios do last mile no Brasil. Um estudo do Ilos mostra que as empresas brasileiras enfrentam muitos problemas operacionais, especialmente porque as cidades do país não se prepararam para o grande aumento da movimentação de cargas nos centros urbanos.

Dados mostram que 86% da população brasileira está concentrada em 1% do território nacional. Essa taxa de urbanização vem aumentando ao longo dos anos, ao mesmo tempo em que aumentam também a quantidade de pedidos menores e mais fracionados – devido ao crescimento do e-commerce e da redução do tamanho das lojas físicas. Esse cenário, segundo Maria Fernanda, traz uma grande complexidade para a realização das entregas nas cidades brasileiras, especialmente naquelas de maior porte, como São Paulo e Rio de Janeiro. Questionadas sobre os principais desafios que enfrentam na distribuição urbana, as maiores empresas embarcadoras de carga do país apontaram a indisponibilidade de vagas para estacionamento de veículos de carga e o trânsito congestionado.

 Inovação

Startups e novas ferramentas para otimizar tempo, espaço e custos foram o principal mote  do Forum em 2019. Flávio Pripas, corporate venture officer da Redpoint eventures, falou sobre a disrupção da gestão tradicional das companhias, em uma análise sobre a nova economia mundial. “O sistema de logística do Alibaba, por exemplo, promete entregar qualquer produto, em qualquer lugar do mundo, em até 72 horas, e qualquer produto dentro da China em 24 horas. Ou então, se você mora perto dos supermercados do grupo (Hema), recebe qualquer pedido em até 30 minutos”, exemplificou.

 Segundo Flávio, a história de sucesso do Netflix, que começou o negócio há duas décadas, enviando filmes pré-selecionados para a casa dos clientes e depois transformou a forma de consumir conteúdo no mundo, é uma das formas de entender a transformação pela qual passa o mundo. “As empresas precisam entender que é necessário mudar a forma de trabalhar se quiserem viver neste mundo de transformações permanentes”, disse.

 Um painel especial apresentou algumas das principais startups especializadas em soluções para o mercado do supply chain no Brasil. Diego Roig, CEO da JettaCargo, mostrou um software desenvolvido com a finalidade de otimizar o uso de espaços de carga em paletes, caminhões e contêineres. A ferramenta é bastante simples e intuitiva e se resume em cadastrar produtos e caminhões e definir as regras e restrições da carga. Com essas informações, o JettaCargo calcula matematicamente a posição ideal para cada mercadoria. “É mais ou menos como fazer o ‘tetris’ (famoso jogo virtual de encaixe de blocos) da carga”, resume Diego. Há dois anos no mercado, a JettaCargo já atende empresas como Mercedes, JSL e Gerdau – esta última utiliza o sistema como apoio para programar a carga no navio.

 No mesmo painel, Patrick Rocha, CEO da dLieve, apresentou seu sistema de gestão de cargas e monitoramento em tempo real, um aplicativo que gera desde a otimização de rotas e controle da previsão de chegada da carga no cliente até o monitoramento em tempo real do status de cada entrega ou coleta e posicionamento dos motoristas. “O foco está na experiência do cliente para aprimorar, cada vez mais, os processos de entrega”, explica Patrick. O painel contou ainda com a apresentação da TruckPad, da LinkApi, da Kangu Tecnologia, da Logpyx e da Arquivei.

Transporte de cargas

 O XXV Fórum Internacional de Supply Chain & Expo Logística trouxe ainda análise sobre o cenário do transporte de cargas– incluindo a integração entre os modais  rodoviário, ferroviário e marítimo – e infraestrutura no Brasil, além de demand planning para a sincronização do supply chain. No painel sobre desafios e oportunidades do transporte de cargas no Brasil, especialistas, embarcadores e transportadores do Ilos, InterB, Mercosul Line, JSL, WestRock e Unilever debateram o transporte de mercadorias no Brasil após um cenário de tabelamento dos preços de frete rodoviário, em uma análise sobre as oportunidades e perspectivas para o setor nos próximos anos. “Mais de 70% do transporte no Brasil é feito por caminhões, mas a gente não vê uma política efetiva de renovação de frotas para gerar segurança e produtividade desta cadeia logística”, disse Fernando Simões, CEO da JSL.

 Em um país de dimensões continentais, a cabotagem também desponta, cada vez mais, como solução prática e acessível para muitas empresas. Marcelo Lopes, coordenador de logística da International School e do Grupo Arco (empresa especializada em conteúdo para a educação), optou por usar a navegação de cabotagem para enviar carga em 4 contêineres de 40 pés de São Paulo para Fortaleza em 2018. “A mercadoria chegou em 20 dias e teve uma redução de 26% no custo em relação ao transporte rodoviário”, relatou. A previsão da empresa é de usar novamente a cabotagem neste final de ano, com a movimentação de mais 13 contêineres, aproximadamente.

 

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